domingo, 28 de setembro de 2014

III SEMINÁRIO NACIONAL DE SURDOS 2014 - BREVE RELATO

Para quem não teve a oportunidade de fazer parte deste evento, traremos aqui neste breve relato um resumo dos principais momentos vivenciados neste Seminário em comemoração ao Dia do Surdo. Quem sabe, assim, você se motive a participar do próximo!
Diversas modalidades de Minicursos foram oferecidos e contribuíram para elevar o nível de qualidade do Seminário:
Humor Surdo – Prof. Jefferson Diego de Jesus (UFPR)
Artefatos Culturais – Prof. Mndo. Danilo da Silva (UFPR)
Esportes para Surdos – Anderson Santana
Organização Política dos Surdos – Ana Regina Campelo (UFRJ)
Guia Intérprete para Surdo-cego – Profª Esp. Rosani Suzin (FENEIS-PR)
Introdução ao Signwriting - Profª Mnda. Daiane Ferreira (UFSC)

Dentre as Palestras que em muito enriqueceram nosso conhecimento, tivemos:
Políticas Públicas para Inclusão Social dos Surdos - Ms. Roger Prestes – Secretário do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre
Humor Surdo - Jefferson Diego de Jesus
Poesia Surda - Rosani Suzin
Movimentos Surdos – Prof. Drª. Ana Regina Campello

No meu ponto de vista, “Escola Bilíngue para Surdos” tópico desenvolvido com muita propriedade por Ana Regina em sua palestra “Movimentos Surdos”, foi o tema mais inquietante e pertinente ao momento em que vivemos. Por isso, vamos nos estender um pouco neste tema que tem sido determinante dentro do espectro dos movimentos surdos ao longo da história especialmente para o nosso tempo.

O Bilinguismo vem sendo defendido e recomendado como um enfoque educacional no Brasil desde a década de 1970, logo após a decadência da Filosofia Educacional da Comunicação Total. Com a Lei 10436 em 2002 e o Decreto 5626 em 2005, muitos entenderam que esta busca por um modelo eficaz havia chegado ao seu final, e que a partir daí, nada mais seria necessário para que o cidadão surdo tivesse um caminho que o levasse à plena educação. É verdade que os tempos atuais são de conquistas e inegável avanço, mas, os estudos surdos e o próprio movimento do povo surdo vêm mostrando que há ainda muito a ser feito antes de considerarmos um sucesso absoluto o que vivemos nos dias de hoje.
São muitas as questões abordadas e debatidas. Dentre os principais fatores destacamos:
a grande maioria dos surdos tem pais ouvintes, e, em decorrência disso, as crianças surdas não tem tido acesso à Libras como língua materna (L1);
o foco tem sido direcionado para a formação de tradutores intérpretes, mas, a criança surda não conhece a sua própria língua, e não pode ser beneficiada pela simples oferta do tradutor intérprete em sala de aula;
a alfabetização dos surdos se dá aos 7 anos de idade e em escolas “inclusivas”, que adotam o português como primeira língua, o que contribui para a dificuldade da aquisição da Libras como primeira língua pela criança surda;
a inclusão, tão defendida e praticada ao longo de décadas, não proporcionou efetivamente uma educação de qualidade, visto que com uma visão simplista na prática de colocar alunos surdos em um mesmo espaço onde pudessem compartilhar língua e cultura com outros alunos ouvintes, não possibilitou o aprendizado efetivo da sua própria língua e consequentemente, nem o português escrito como segunda língua.

Entendemos que muitos são os desafios para uma nova era dentro de uma nova perspectiva de modelo bilíngue para os tempos modernos. Ana Regina citou várias práticas que deverão ser revistas e ou implementadas para uma educação bilíngue de qualidade, e que possa se sustentar ao longo da trajetória do povo surdo. Dentre elas:

A utilização da Libras em todas as camadas do ambiente escolar por todos os seus integrantes: diretoria, professores, funcionários, alunos, proporcionando um ambiente natural de comunicação em Libras;
O respeito e a promoção da identidade e da cultura surda, com ética, valorizando a Libras e proporcionando a construção natural da autoestima e da cidadania pelos alunos surdos.
A exposição destes alunos ao convívio com docentes surdos bem sucedidos tido como modelos positivos na construção da sua identidade.
Incentivar os discentes a se tornarem profissionais atuantes em áreas estratégicas como por exemplo a de professores surdos para a manutenção e garantia do futuro da escola bilíngue.
Tradução das publicações para a Libras oportunizando aos alunos o acesso à informação em sua própria língua.
Manter um programa de continuidade na capacitação e treinamento dos professores envolvidos diretamente com a educação de surdos.
Ampliar a formação das áreas afins como pedagogia e fonoaudiologia com um programa que envolva não só a língua, mas a identidade, a cultura e a ética.

Na conclusão de sua palestra, Ana Regina reforçou a importância da participação e do envolvimento das pessoas surdas nas causas e movimentos surdos para dar continuidade ao processo de aperfeiçoamento dos modelos existentes. Destacou também que hoje colhemos os frutos do que se plantou ao longo das décadas e que muitos surdos, dentre eles alguns já falecidos, lutaram para que pudéssemos usufruir das boas condições atuais, e que da mesma forma devemos nos empenhar para construir um futuro ainda melhor para as próximas gerações.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

UFPR PROMOVE O III SEMINÁRIO NACIONAL DE SURDOS


Em comemoração ao Dia Nacional do Surdo, a UFPR promove o Terceiro Seminário Nacional de Surdos com o tema: 12 anos da Lei de Libras: avanços e desafios”.

O Seminário acontecerá nos dias 26 e 27 de setembro no Auditório da Administração Central do Centro Politécnico em Curitiba - PR.




Objetivos:
  • Debater os avanços e desafios, em diferentes áreas sociais, decorrentes do reconhecimento político da Língua Brasileira de Sinais (Libras), desde 2002 aos dias atuais, com destaque ao processo de educação bilíngue para surdos.
  • Oportunizar a formação relativa à Libras e outros produtos culturais das comunidades surdas.
  • Debater as implicações da Meta 4 do Plano Nacional de Educação para a implantação das escolas bilíngues no sistema público de ensino.
  • Conhecer e avaliar programas e políticas públicas que amparam os direitos sociais dos surdos na infância, juventude, idade adulta e Terceira Idade.
  • Difundir as produções artístico-culturais e políticas das comunidades surdas para a sociedade em geral.
  • Difundir os direitos e necessidades do surdocego no âmbito das políticas educativas.



Vagas limitadas!