sexta-feira, 9 de abril de 2010

Classificação da Surdez


“Deficiência Auditiva” Essa expressão sugere a diminuição ou a ausência da capacidade para ouvir determinados sons, devido a fatores que afetem quaisquer das partes do aparelho auditivo. Podemos considerar surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.        

De acordo com o decreto 3298 de 20/12/1999, em seu Art. IV § 2º é considerada pessoa com deficiência aquela que apresente perda bilateral, parcial ou total de 41 dB (quarenta e um decibéis) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz.

A Política Nacional de Educação Especial define a deficiência auditiva como sendo a “perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala através do ouvido” (BRASIL, 1994).
Essa definição permite concluir que:
1)      Existem diferentes graus de perda auditiva;
2)      A surdez pode ocorrer em diferentes fases do desenvolvimento;
3)      A sua pior consequência é a impossibilidade de ouvir a voz humana (fala).

Dependendo da época da instalação da deficiência e do grau da perda auditiva, o indivíduo pode ter dificuldades no relacionamento, na comunicação, na compreensão de conceitos e regras e na apreensão de conhecimentos através dos meios mais comuns (a língua oral e textos).

No padrão normal de audição, o limiar de audibilidade vai até 25 dB em todas as frequências do espectro sonoro (entre 250 e 8000 Hz). Já a classificação do grau de perda, segundo o Padrão ANSI (1969), é a seguinte:

CLASSIFICAÇÃO DA PERDA AUDITIVA

a)      AUDIÇÃO NORMAL – PERDA DE ATÉ 25 DB
b)     DEFICIÊNCIA LEVE – PERDA DE 26 A 40 DB
c)      DEFICIÊNCIA MODERADA – PERDA DE 41 A 55 DB
d)     DEFICIÊNCIA ACENTUADA – PERDA DE 56 A 70 DB
e)      DEFICIÊNCIA SEVERA – PERDA DE 71 A 90 DB
f)       DEFICIÊNCIA PROFUNDA - PERDA ACIMA DE 90 DB
g)      ANACUSIA - TOTAL AUSÊNCIA DA AUDIÇÃO

a)  Audição Normal – Perda auditiva de até 25 dB. Ainda que uma pessoa tenha perda parcial de até 25 dB, até este nível não há limitação da sua capacidade de comunicação e desenvolvimento linguístico, portanto está perfeitamente inserida no contexto social, sem inconvenientes relevantes.

b) Portador de Surdez Leve  - perda auditiva de 26 a 40 dB. Permite ouvir os sons, desde que sejam um pouco mais intensos. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas das palavras. É considerado desatento e solicita eventualmente a repetição do que lhe falam Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a causa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.

c)   Portador de Surdez Moderada - Perda auditiva de 41 a 55 dB, é necessária uma voz de certa intensidade para que seja percebida, ao telefone não escuta com clareza, trocando muitas vezes a palavra ouvida por outra foneticamente semelhante (pato/rato). Nesse caso é frequente o atraso da linguagem.

d)  Portador de Surdez Acentuada - Perda auditiva entre 41 e 70 dB. Não escuta sons importantes do dia-a-dia (o telefone tocar, a campainha, a televisão). Esses limites se encontram no nível da percepção da palavra, sendo necessário uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. É frequente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, maiores problemas linguísticos. Esse indivíduo tem maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes ruidosos. Em geral, ele identifica as palavras mais significativas, tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou frases gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada à sua aptidão para a percepção visual, Necessitando deste apoio visual para entender o que foi dito. Tem dificuldade de falar ao telefone, com a possibilidade de troca da palavra ouvida por outra foneticamente semelhante (pato/gato, cão/não, céu/mel). A perda acentuada não permite ouvir o telefone, a campainha e a televisão, tornando necessário o apoio visual para a compreensão da fala.

e)  Portador de Surdez Severa – Perda auditiva entre 71 e 90 dB. Este tipo de perda vai permitir que o indivíduo identifique alguns ruídos familiares, Se a família estiver bem orientada pela área educacional. Percebe, mas não entende a voz humana, não distingue os sons (fonemas) da fala. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de aptidão para utilizar a percepção visual (leitura labial) e para observar o contexto das situações. Nesse nível de surdez é possível escutar sons fortes, como o de caminhão, avião, serra elétrica, mas não é possível ouvir a voz humana sem amplificação. É comum atingir os 4 ou 5 anos de idade sem ter aprendido a falar e necessita de um atendimento especializado para adquirir a linguagem oral.

f)   Portador de Surdez Profunda - Perda auditiva superior a 90 dB. A gravidade dessa perda é tal, que priva a pessoa das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à estrutura acústica, quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim também, não adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que, não a percebendo, não se interessa por ela, e não tendo "feedback" auditivo, não possui modelo para dirigir suas emissões. A construção da linguagem oral no indivíduo com surdez profunda é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo aquisições como: tomar conhecimento do mundo sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, perceber e conservar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a expressar-se. Neste nível de audição só são audíveis sons graves que produzam vibração (trovão, avião). Assim sendo, se uma criança já nasce com ou adquire uma surdez severa ou profunda antes de ter acesso à língua oral de sua comunidade, vai ter muitas dificuldades de se integrar ao “mundo dos ouvintes”. Embora seja absolutamente necessário dominar a língua de sua comunidade, mesmo que somente na modalidade escrita, sabe-se que a língua de mais fácil acesso para os surdos é a de sinais. É por meio dela que esses indivíduos constroem sua identidade e desenvolvem-se nos aspectos afetivo, cognitivo e social. Logo, faz-se necessário que, desde cedo, a criança surda seja exposta a esta língua e que a família e a escola a utilizem como meio de comunicação e instrução.


g) Anacusia: é a falta total de audição, deve ser trabalhado e estimulado o mais precocemente possível, tendo como conduta pedagógica o mesmo da surdez profunda.