quinta-feira, 15 de abril de 2010

EDUSP LANÇA NOVO DICIONÁRIO DE LÍNGUA DE SINAIS

A Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) lançou em março de 2010 uma edição atualizada e ampliada de seu Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilingue da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A obra traz 14 mil verbetes em português, 9.828 sinais de Libras e 56 mil verbetes em inglês.
O dicionário foi organizado pelo professor Fernando César Capovilla, do Instituto de Psicologia da USP, em parceria com as pesquisadoras Walkiria Duarte Rafael, também do IP-USP, e Aline Cristina Lofrese Maurício, do centro universitário Unisant’anna.
O trabalho contou com mais de 200 colaboradores e é resultado de mais de 20 anos para ser concluído. Contribuíram mestrandos, doutorandos, ilustradores de sinais e de significado, revisores e surdos.
Capovilla prepara agora um Tratado de Educação de Surdos e um Compêndio de Avaliação do Surdo e o seu grupo de trabalho deve elaborar a Nova Enciclopédia da Língua de Sinais Brasileira, que também deverá contar com uma versão eletrônica. Todas essas publicações deverão ter o selo da Edusp.

Título: Novo Deit-Libras: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (Libras) baseado em Linguística e Neurociências Cognitivas (2 vols. Edusp, 2010).
Autores: Fernando César Capovilla, Walkiria Duarte Raphael e Aline Cristina L. Mauricio.
Preço: R$220,00.
Vendas:(11)3091-4156

terça-feira, 13 de abril de 2010

II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA EM TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

25 a 27 | novembro | 2010 :: Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

O Congresso convoca os pesquisadores da área de Interpretação e Tradução a:
* Apresentar suas pesquisas, trocar conhecimentos e experiências a respeito dos resultados encontrados do intercâmbio entre as diferentes áreas do conhecimento [Educação, Tradução e Lingüística]
* Traçar metas e objetivos de organização profissional e formação para profissionais deste campo no país.
* Afirmar as pesquisas em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais brasileira no campo dos Estudos de Tradução e Interpretação.

Dias 22 e 23 de novembro
Atividades Pré-Congresso: 8 Mini-Cursos. Confira!

Informações:
congressotils@projectaeventos.com.br
Tel: (48) 3028 2004
Realização:UFSC Apoio:FENEIS

domingo, 11 de abril de 2010

Datas Comemorativas

23 de Abril - Dia Nacional da Educação de Surdos
24 de Abril - Dia da Libras
26 de Julho - Dia do Intérprete de Libras
10 de Setembro - Dia Internacional de Valorização das Línguas de Sinais
21 de Setembro - Dia Nacional da Pessoa com Deficiência
26 de Setembro - Dia do Surdo
30 de Setembro - Dia Mundial do Surdo
10 de Novembro - Dia Nacional da Surdez
03 de Dezembro - Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
09 de Dezembro - Dia do Fonoaudiólogo
10 de Dezembro - Dia da Inclusão Social

Famosos Surdos

Curiosidades




Você Sabia?

De acordo com o Senso 2000 do IBGE a população surda brasileira é de 3,4%, sendo que declaradamente este índice não passa de 1%, cerca de 170.000 pessoas.

Já no Senso 2010 temos a cifra de 5,1 % ou seja: 9.722.163 pessoas com algum grau de surdez. Uma realidade bem diferente. Não que esta diferença tenha ocorrido de 2000 para 2010. Mas, pela mudança expressiva nos critérios de pesquisa, que agora contam com um questionário bem mais abrangente, o que possibilitou uma visão bem mais realista sobre a população surda brasileira atual.

Perguntas Frequentes

A Libras é universal?
Não. A libras não é universal. Existe o Gestuno, que é considerada uma língua internacional. Uma forma simples de representação das línguas de sinais, porém não muito utilizada ou difundida. Ver: A Universalidade da Língua de Sinais.

A Libras é uma Linguagem ou uma Língua?
Libras é uma língua. A definição de linguagem como meio de expressão não contempla o universo da Libras, que permeia as complexidades e características de Língua assim como as línguas orais. A Libras apresenta sintaxe, semântica, fonologia e demais aspectos comuns às demais línguas. Ver: Conceitos Introdutórios.

O Alfabeto Manual é universal?
Não. O Alfabeto Manual não é universal. Assim como a Língua, o alfabeto é também próprio de cada país ou comunidade que se apropria dele como ferramenta de comunicação. Um empréstimo linguístico da L2. Ver: Alfabeto Manual.

Por quê os surdos geralmente apresentam dificuldades de fala?
É comum vermos surdos apresentarem dificuldades de fala. Não que isto implique em alguma limitação patológica ou anatômica que o justifique, porém, os surdos (maioria) têm a Libras como L1 e o Português como L2. Ou seja, o português como uma língua estrangeira.

Como obter a certificação de tradutor/intérprete?
Para obter a certificação de tradutor/intérprete conferida pelo MEC, há somente um caminho a seguir: primeiro há a necessidade de contato com a comunidade surda suficiente para propiciar fluência na Libras, e/ou cursos preparatórios para esta prova, que é aplicada em Libras através de vídeos geralmente com textos sinalizados por surdos. Depois disto, deve-se ficar atento aos calendários de exames de proficiência aplicados pela COPERV - http://www.coperve.ufsc.br/prolibras/, através do PROLIBRAS – http://www.prolibras.ufsc.br sob a gestão da UFSC. Estes exames geralmente são anuais, e são realizados nos polos das Universidades federais por todo o país.

Existem cursos de Libras com certificação do MEC?
São raros, mas existem. A questão é simples: a maioria dos cursos ministrados por entidades particulares, ainda que com instrutores credenciados pelo MEC, não tem o reconhecimento do MEC. Existem, sim, cursos de pós-graduação ou extensão ofertados por universidades ou faculdades credenciadas pelo MEC, e, portanto, com o reconhecimento do MEC, porém, ainda, sem uma padronização de conteúdo programático prático/teórico, muito variado pelas instituições de ensino.

Ouvintes podem ser instrutores de Libras ou é uma atividade exclusiva dos surdos?
Por muitos anos permaneceu a grande discussão sobre este tema tido como polêmico. Muitos surdos (maioria) viam a atividade de ensino da Libras como uma oportunidade de trabalho, geralmente escasso pelas péssimas políticas de inclusão nas décadas passadas, e não admitiam que ouvintes, independentemente da capacitação para o ensino, ensinassem Libras. A questão era tida como ética e fomentava grandes movimentos que às vezes chegavam a extremos. A partir de 2006, com o exame de certificação aplicado pelo MEC, a discussão teve um fim, pois de acordo com o MEC, independentemente da situação de surdo ou ouvinte, alguém que tenha conquistado a certificação de proficiência para o ensino da Libras está plenamente apto a exercer esta atividade.

Todos os surdos são aptos a ensinar Libras?
Não. Nem todos os surdos são aptos a ensinar Libras. O fato de ser surdo não capacita nem habilita uma pessoa ao ensino da Libras. Isto só é conquistado através do exame de proficiência do MEC que atestará a capacidade para o exercício da atividade de Instrutor.

A Libras é uma língua padronizada em todo o país, ou existe regionalismo?
Não a Libras não é padronizada. Assim como as línguas orais, a Libras tem suas variações regionais e sociais, de acordo com a cultura e a época que se fala. Boa parte da Língua é reconhecida oficialmente através da publicação do dicionário oficial da Língua de Sinais. Porém, o fato de não constar no dicionário não ratifica a tese de que não seja Libras oficial. Somente reforça a ideia de que há um forte regionalismo presente em nossa cultura. Ver: Variações Linguísticas (dialetos).

As línguas gestuais-visuais são inferiores às línguas orais?
Não. Algumas pessoas e até mesmo estudiosos de línguas orais tem afirmado que as línguas de sinais são inferiores às línguas orais. Isto se deve essencialmente à ignorância do assunto. O que temos visto nas últimas duas décadas é que as línguas de sinais demoraram muito tempo para se afirmarem como línguas, por terem sido vítimas de preconceito e até mesmo marginalizadas pela sociedade predominantemente ouvintista. A partir da década de 1990 após estudos pioneiros da linguista Lucinda Ferreira Britto e mais tarde por outros tantos nomes de expressão como, Lodenir Karnopp, Tania Felipe, Ronice Quadros, Gladis Perlin, Karin Strobel, e muitos outros tantos nomes do mundo linguístico, que esta falsa impressão foi desmascarada. Sabemos que os estudos da Libras ainda não são suficientes, principalmente pela complexidade da própria Libras, que permeia campos muito densos, como por exemplo, os Sistemas de Classificação, ainda pouco perscrutados pelos estudiosos o que nos proporcionará amplo material de estudo ainda por muitas décadas. Talvez a ausência de uma Gramática Oficial induza os estudiosos mais superficiais a acreditarem nesta falsa afirmação. Além do que, não seria justo comparar línguas de espectros tão distintos como estes: Português oral/escrito / linear já a Libras é visual / gestual / espacial /  multidimensional. Ver: Um paralelo entre a Libras e o Português.

Ouvintes podem apresentar uma Identidade Surda?
Sim. Ouvintes podem apresentar uma identidade surda, quando expostos a ela precocemente, geralmente como acontece nas famílias de pais surdos com filhos ouvintes que tem como língua materna a Libras L1 e posteriormente aprendem o Português L2. Ver: Identidade Surda.

Existem gírias ou expressões idiomáticas na Libras?
Sim. Da mesma forma como acontece nas línguas orais, na Libras os meios de influência destes fenômenos linguísticos são a cultura e a dinâmica da própria língua. Existem dezenas, talvez centenas de expressões idiomáticas e gírias na Libras. Isto também varia de acordo com a região e a época. Cada geração tem imprimido sua identidade nas formas de comunicação, que vem mudando cada vez em espaços mais curtos de tempo. As novas gerações jovens tem a necessidade de criar seu próprio estilo e isto se aplica também à Libras. O que não deveria ocorrer, é a perda ou o desuso de sinais ou expressões mais ricas por expressões mais pobres, simplesmente por serem mais modernas, atuais. Assim, perde-se em qualidade e em conteúdo, o que é lamentável para qualquer cultura. Nas línguas orais isto é um pouco minimizado pelos registros escritos (livros) e visuais (vídeos, filmes, documentários) Porém, na Libras, por se tratar de uma língua visual, e termos pouquíssimos registros dela ao longo das décadas, o risco de perda é muito maior.

Como entender os critérios utilizados para dar sinal às pessoas e às coisas?
São muitos os critérios utilizados pelos surdos para dar sinal às pessoas e às coisas. Quanto às pessoas, geralmente prevalece uma característica física ou fisionômica, seguida de características marcantes de trejeitos, atividades, gostos, etc. No caso das coisas, as características descritivas (forma, tamanho, textura) ou de funcionalidade e instrumentalidade são observadas criteriosamente para se chegar ao sinal (significante) que represente melhor aquela coisa (significado). É comum vermos sinais de pessoas e, às vezes também, de coisas, executados com a Configuração de Mão de representa a letra inicial da palavra em português. Isto não é regra. É, portanto, uma exceção justificada pela influência da língua escrita (português) sobre a língua gestual (Libras). Hoje, mais raramente se observa esta apropriação, devido ao amadurecimento da comunidade surda e da valorização da Libras com as políticas públicas e amparo da legislação legal.

Para todas as palavras da Língua Portuguesa encontramos um sinal correspondente na Libras?
Não. Cada língua tem sua raiz na sua própria cultura. Isto implica em uma comunicação baseada na vivência e comportamento desta comunidade que se utiliza da língua para expressar suas capacidades e manifestar suas experiências ao longo da vida. Isto não quer dizer que não possamos interpretar uma palavra do português que não tenha uma referência imediata na Libras. O que geralmente acontece é 1) o intérprete inexperiente soletra usando o alfabeto manual e simplesmente não comunica, pelo simples fato de a palavra soletrada ser desconhecida do surdo. 2) o intérprete mais experiente soletra e explica com dois, três, quatro ou quantos sinais achar necessários para comunicar a ideia ou o significado daquela palavra. Assim transporta conhecimento de uma cultura para outra e estimula a criação de novos sinais que comporão o vocabulário desta língua. Curiosamente o inverso também acontece. Na tradução da Libras para o português, muitos sinais que não tem correspondência no português precisam ser esmiuçados em diversas palavras para comunicar com o mesmo conteúdo, às vezes de um único sinal, geralmente rico em conteúdo e de difícil tradução com um simples e único vocábulo. Assim, ao longo dos tempos vamos construindo um referencial linguístico comum de ambas as culturas, o que propicia um mútuo enriquecimento. Vemos muitos exemplos de importação de expressões originalmente americanas para a nossa cultura, e ninguém acha anormal. Por quê? Culturalmente fomos nos acostumando ao fato de usar cada vez mais estrangeirismos, em vez de nos apropriarmos cada vez mais da nossa própria língua e cultura. A exemplo desta postura podemos citar a França.

Filmes Sobre Surdez

11 de Setembro
100 Girls
2001 – Uma Odisseia no Espaço
A Broadway dos Meus Sonhos
A Corrente do Bem
A Hora da Estrela
A Maçã
A Missão
A Música e o Silêncio
Alpine Fire
Amour Secret
Amy – Uma Vida pelas Crianças (Tv Film)
Anatomie D´Un Miracle
And Now Tomorrow
Ao Mestre Com Carinho I e II
Babel
Beethoven – Um Grand Amour de Beethoven
Beyond Silence
Big Little Person
Black
Blue Rodeo (Tv Film)
Bonanza – Trovão Silencioso
Bridge to Silence (Tv Film)
Budbringeren
Cegos, Surdos E Loucos
Cenas da Praia
Cine Gibi
City of Sadness
Compensation
Congo
Cop Land
Corpo a Corpo
Country of The Deaf (Tv Film)
Crazy Moon
Crianças Invisíveis
Dead Silence
Deaf Smith And Johnny Ears
Deafula – Drácula
Destination : Graceland
Do Luto à Luta
Dobermann
Dot
Dummy (Tv Film)
E Seu Nome é Jonas
Egypt
Entre os Muros da Escola
Eu, Christiane F. Drogada e Prostituta
Fernão Capelo Gaivota
Filhos do Silêncio
Fome de Amor
Gestos de Amor
Gigot
Hear No Evil
Helen – A Raposinha
Helen Keller And Her Teacher
Helen Keller: The Miracle Continues
Histórias de Princesas da Disney
Intimate Portrait: Helen Keller
John Lennon – Imagine
Judement
L´Abbe de L´Épée
La Mélodie du Silence
La Trompette Magique
Lágrimas do Silêncio
Le Bateau de Mariage
Les Innocents
Les Mots Blues
Les Nuit Claire
Les Silencieuses
Lettre D´Mour Zoulou
Little House Prairie
Los Amigos
Meu Pé Esquerdo
Mr. Holland, Adorável Professor
Neel
No Silêncio do Amor
O Céu De Lisboa
O Cisne Apaixonado
O Enigma de Kaspar Hauser
O Filme Surdo De Beethoven
O Garoto Selvagem
O Martírio do Silêncio
O Milagre de Ann Sullivan
O Milagre na Rua 34
O Óleo de Lorenzo
O País dos Surdos
O Passado
O Pássaro Azul
O Piano
O Poder da Esperança
O Silêncio
Old Boy
Os Cinco Sentidos
Paciente 14
Palavras do Silêncio
Paranoid
Pequeno Milagre
Points de Rupture
Pollyanna
Professor, Aqui quem Fala é Seu Aluno Surdo
Quatro Casamentos e um Funeral
Quem Somos Nós I e II
Querido Frankie
Ritmo Acelerado
Savage Streets
Ser e Ter
Silêncio do Amor
Sob Suspeita
Sobre Meninos e Lobos
Sobre meus Lábios
Som e Fúria
Terra do Silêncio e da Escuridão
Terre Et Cendres
The Dancer
The Unconquered (Helen Keller In Her Story)
Till Human Voices Wake Us
Tortura Silenciosa
Tudo em Família
Velocidade Máxima 2
Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida
Xuxa e os Duendes 2 - No Caminho Das Fadas

sábado, 10 de abril de 2010

Nomenclaturas

Nunca use o termo SURDO-MUDO! Além de ter conotação pejorativa, não traduz a realidade de fato. Surdez e mudez são coisas distintas e raramente encontra-se a ocorrência de ambas em um único indivíduo. A forma mais bem aceita para designar um surdo é "SURDO". Se estiver fazendo mensão a outras áreas, pode-se utilizar a expressão "PESSOA(S) COM NECESSIDADES ESPECIAIS"
E não se esqueça de evitar rótulos como DA (deficiente auditivo), PPD (pessoa portadora de deficiência), PNE (portador de necessidades especiais), PCD (pessoa com deficiência), etc. Fazendo assim você estará contribuindo para que a cultura surda seja respeitada.

Universalidade das Línguas de Sinais

As Línguas de Sinais são comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. As línguas expressam idéias sutis, complexas e abstratas. Todas as Línguas de Sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas e em resposta às mudanças culturais.
A Língua de Sinais não é universal. Cada Língua tem sua própria estrutura gramatical. As pessoas surdas por toda parte do mundo estão inseridas em culturas surdas distintas, o que justifica que se tenham suas próprias línguas.
Compreender a gramática de uma língua é aprender as regras de formação e de combinação dos elementos desta língua, observando seu contexto cultural.

Componentes da Língua de Sinais

1. Parâmetros Primários:
a) Configuração Das Mãos (CM): A forma que a mão assume na realização de um sinal. Ex: Telefone( Y ) / Branco ( B )
b) Ponto De Articulação (PA): É o espaço onde são articulados os sinais: em frente ao corpo (neutro) ou uma região do próprio corpo (cabeça, tronco, braços e mãos). Ex: Sábado (Boca); Aprender (Testa). Trabalhar e Brincar (Neutro).
c) Movimento (MV): Parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções. Caracterizado pelo deslocamento das mãos no espaço na realização de um sinal. Ex: Semana (translação); Quando (rotação).



2. Parâmetros Secundários:
a) Disposição da(s) Mão(s) (DM): A articulação dos sinais pode ser feita apenas pela mão dominante ou pelas duas mãos. Neste último caso as mãos podem se movimentar para formar o sinal, ou então apenas a mão dominante e a outra funciona como (PA) ou é neutra.
b) Orientação da(s) Mão(s) (OM): É o que determina a posição das palmas das mãos, se voltadas para baixo, para cima, para esquerda, para direita, podendo haver mudança na orientação durante a execução do movimento. Direção, idéia de oposição, contrário ou concordante.
c) Região de Contato (RC): Refere-se à parte da mão que entra em contato com o corpo.



3. Componentes Não Manuais da Libras:
a) Expressão Facial (EF): A expressão facial tem o papel de indicar diversos elementos que não podem estar presentes nos sinais como: pontuação, emoção, ênfase, ironia, etc. É importante utilizar uma expressão fisionômica adequada para que as emoções implícitas nas frases sejam bem compreendidas. Elas devem ser utilizadas simultaneamente com os sinais. 
  • Afirmação: Neutra 
  • Interrogação: Sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima.
  • Exclamação: Sobrancelhas levantadas; ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima e para baixo; boca fechada com movimento para baixo (intensificador).
  • Negação: Possui 4 (quatro) formas básicas:
        a) Simultaneamente ao sinal, movimento negativo com a cabeça e expressão 
            facial. (recomendado)
        b) Incorporação de um sinal com movimento contrário.
            Ex: Gostar, Querer, Aceitar.
        c) Incorporação de um sinal específico de verbo negativo.
            Ex: Poder, Ter.
        d) Acréscimo do sinal “NÃO” após o verbo. Exceto casos b e c.

b) Expressão Corporal (EC):
As Línguas de Sinais utilizam-se das expressões faciais e corporais para estabelecer tipos de frases equivalentes aos recursos de acentuação da língua portuguesa que definem os modos em que se encontram as frases. Por isso, é importante dedicar muita atenção às expressões faciais e corporais feitas simultaneamente aos sinais, a fim de identificar o modo em que se encontra a frase, além de agregar ricos valores gramaticais.

Variações Linguísticas (dialetos)

Apesar de ainda não haver estudos conclusivos sobre variações linguísticas na Libras, podemos discorrer pelos aspectos mais relevantes e ampliarmos um pouco nossa visão sobre regionalismo. Muitos leigos, equivocadamente, têm a Língua de Sinais como universal. Deste tópico já tratamos no tema “A Universalidade das Línguas de Sinais”. Outros imaginam que a Língua de Sinais falada no país é uniforme e padronizada. Eis aqui outro grande equívoco.
Os principais fatores desencadeantes deste processo são: cultural (literatura, artefatos), - tema bem abordado por Karin Strobel em seu livro “As Imagens do Outro Sobre a Cultura Surda”, geográfico, econômico e principalmente social (oportunidade, preconceito, discriminação). Neles estão contidas as explicações para as variações, não só de léxico, vocabulário, mas também, e principalmente no aspecto morfológico e semântico. Se ignorarmos estes pormenores, deixaremos de reconhecer as muitas diferenças de vocabulário, expressões idiomáticas, gírias locais, dialetos (ramificações de uma determinada lingua relacionada a uma região), polissemias e até mesmo de sotaque. Por isso devemos colocá-los todos como coresponsáveis para uma análise mais ampla e realista do retrato nacional da Libras e suas variantes.
A maneira como as pessoas de regiões diferentes enxergam o mundo, ainda que num mesmo país, difere em muito. A bagagem sociocultural de cada indivíduo e sociedade interferem na elaboração do signo, seja na criação do significante ou na produção do significado.

A psicóloga Walkiria Duarte Raphael, uma das autoras do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (Edusp, 2001), afirma “a unidade linguística é um mito mesmo na linguagem por sinais”.
No passado, o isolamento era grande. Os sinais eram passados de geração a geração e se restringiam à representação do cotidiano, nada muito específico. Hoje, a presença no ambiente escolar tem estimulado a criação de muitos novos sinais, já que há disciplinas e termos técnicos, além de permitir o contato do estudante com os sinais de outras regiões.
Mas nem sempre os surdos encararam com bons olhos o contato com sinais de outras regiões, percebemos que diante de um termo diferente os surdos tendiam a dizer que aquele sinal estava “errado”. Hoje, as variações são mais aceitas. - A própria comunidade surda tinha uma rixa. Daí a resistência dos surdos em aceitarem sinais de outras culturas. Tínhamos de convencê-los de que aquele sinal era representativo para determinada região. Havia bairrismo – diz.

É inegável a influência da Língua Portuguesa, que acaba por determinar a constituição de vários elementos semânticos, estruturais e discursivos da Língua de Sinais. Isso não deixa de acontecer também no universo das gírias.
Mas, a despeito de todas estas diferenças, todos os usuários da Libras conseguem comunicar-se uns com os outros e entendem-se bem, apesar de não haver sequer dois que façam sinais da mesma maneira - explica a linguista Lodenir Becker Karnopp.
Há, sim, uma tentativa de padronização das associações de apoio ao surdo. Há muitos sinais que já são padronizados e usados em congressos, por exemplo. Mas é preciso respeitar a diversidade - comenta Walkiria Duarte. A mesma diversidade, aliás, que torna a Libras e a Língua Portuguesa admiradas pelos seus usuários.

Fonte: Walkiria Duarte Raphael, Lodenir Becker Karnopp, Karin Lilian Strobel em http://www.jorwiki.usp.br/gdmat08/index.php/Regionalismos_da_l%C3%ADngua  


Abaixo, definições teóricas dos dois tipos de dialetos encontrados na Libras:


Dialeto Regional
Ocorrem grandes diferenças na composição do sinal devido a origem regional de um mesmo país. (regionalismo) (LP: idiossincrasia, LS: tautologia).

Dialeto Social
Ocorre variação morfológica, onde certos traços da língua (CM, PA, MV, DM, OM, RC) sofrem pequena variação. Isto se deve geralmente às diferenças culturais, educacionais ou sociais.

Sistema de Transcrição

A transcrição é uma forma de documentar a língua sinalizada através da convenção de um sistema de notação com palavras e símbolos. Trata-se de uma ferramenta importantíssima nos estudos surdos da Língua de Sinais, pois permite representar linearmente a LIBRAS, que é espacial, visual e tridimensional, registrando detalhadamente o que foi dito e como foi dito com todos os elementos e recursos linguísticos utilizados pelo falante de LIBRAS.

PALAVRA EM LETRA MAIÚSCULA: Sinal simples, item lexical
- L-E-T-R-A-S MAIÚSCULAS SEPARADAS POR HÍFEN: Datilologia
L-E-T-R-A-S MAIÚSCULAS SEPARADAS POR HÍFEN EM ITÁLICO: Soletração Rítmica, sinal soletrado, empréstimo linguístico.

- PALAVRAS-UNIDAS-POR-HÍFEN: Sinais compostos oriundos da Língua Portuguesa ou quando traduzidos com mais de uma palavra da LP. Ex: negações.
@ ARROBA: Designar ausência de desinência de gênero e número.
^ CIRCUNFLEXO: Sinais compostos da LSB representados por duas ou mais palavras da LP, com a idéia de uma única coisa.
SOBRESCRITO: Incorporações de advérbios ou intensificadores e traços não-manuais feitos simultaneamente aos sinais representando tipos de frase (afirmativa, negativa, exclamativa, interrogativa e imperativa).
SUBSCRITO: Concordância dos Classificadores, verbos que possuem concordância de gênero (pessoa, coisa, animal).
: DOIS PONTOS: Alongamento do sinal.
(( )) DUPLO PARÊNTESIS: Comentários do(a) pesquisador(a).
+ “MAIS”APÓS PALAVRA: Marca de plural feita pela repetição do sinal.
 (+) “MAIS” ENTRE PARÊNTESIS: Pausas ou silêncios.
EH, AH, IH, MHN, AHÃ: Pausas por hesitação.
(...) RETICÊNCIAS ENTRE PARÊNTESIS: Transcrição parcial ou eliminação.
/.../ RETICÊNCIAS ENTRE BARRAS: Traços não manuais e outros.
# CERQUILHA: Turnos simultâneos.

Os verbos que possuem concordância de lugar ou número-pessoal, através do movimento direcionado, estão representados pela palavra correspondente com uma letra em subscrito que indicará:
a) a variável para o lugar:
i = ponto próximo à 1a pessoa
j = ponto próximo à 2a pessoa
k e k' = pontos próximos à 3a pessoas
e = esquerda
d = direita

b) as pessoas gramaticais:
1s, 2s, 3s = 1a, 2a e 3a pessoas do singular
1d, 2d, 3d = 1a, 2a e 3a pessoas do dual
1p, 2p, 3p = 1a, 2a e 3a pessoas do plural

UM SINAL EM BAIXO DO OUTRO (m.e.)
UM SINAL EM BAIXO DO OUTRO (m.d.) Sinal dobrado com as duas mãos, que originalmente é feito somente com uma das mãos, ou dois sinais estão sendo feitos pelas duas mãos simultaneamente, serão indicados com indicação das mãos: direita (md) e esquerda (me).

Referencial Bibliográfico: Felipe (1988, 1991,1993,1994,1995,1996)

Processo Anafórico

Processo Anafórico, Anaforismo, Shifting ou Role-Play, é o recurso da Língua de Sinais que possibilita ao narrador, através de mudança de postura corporal, incorporar diferentes personagens de uma narrativa.

Para o intérprete, em um discurso conversacional quando existe a troca de mensagens entre dois ou mais usuários, importante o domínio da técnica do anaforismo. Porém, este recurso exige excelente capacitação para assumir diferentes corporeidades em um único setting de tradução.

Todos os objetos imaginados e criados nos campos anafóricos (construção tátil) e processos anafóricos (shifting ou role-play) exigem um poder de concentração extremo para serem utilizados e mantidos nos lugares corretos, para que os surdos compreendam claramente os textos e a relação entre esses ersonagens.

São processos anafóricos exagerados, onde o intérprete se perde em seu delírio de projeção. Quando uma interpretação carece de fundamento coerente, real, equalizado, ela se torna incapaz de prender a atenção dos surdos; pelo contrário, acaba por lhes despertar sentimentos imediatos de estranheza e, consequentemente, rejeição.

Empréstimos Linguísticos

A Libras, como as demais línguas, também incorpora léxico de outras línguas. Existem casos em que a língua de sinais faz o empréstimo de palavras de uma língua oral, e o fazem através da soletração manual. Exemplos como A-Z-U-L, N-U-N-C-A, O-I, V-A-I, seriam empréstimos que já foram incorporados ao léxico da Libras.

A soletração manual não é, evidentemente, o processo único de formação dos vocábulos (sinais) em LIBRAS. Aliás, é responsável por uma parte pequena do léxico de sinais da Libras. A soletração manual das letras de uma palavra em português é a mera transposição espacial dos grafemas de uma palavra da língua oral, por meio das mãos; apenas um dos meios de se fazer empréstimos em LIBRAS. Assim como a palavra “xerox”, em português, é um empréstimo do inglês, o exemplos citados ilustram o fenômeno do empréstimo em LIBRAS, pois, na maioria dos casos, existe o sinal correspondente à situação, ao objeto ou à ideia e não é necessário usar a soletração manual.

Os Empréstimos Linguísticos podem ser:

a) LEXICAIS: como o alfabeto Manual;

b) DE INICIALIZAÇÃO: onde a configuração de mão é representada pela letra inicial correspondente à palavra em português (GOIÁS > CM=G), e, segundo Brito [BRI 95], há também o empréstimo de itens lexicais;

c) DE OUTRAS LÍNGUAS DE SINAIS: que se referem a sinais cuja origem é um sinal em outra língua, geralmente um sinal de mesmo valor semântico (ANO > ASL, VERMELHO > LSF), há empréstimos;

d) DE DOMÍNIO SEMÂNTICO: identificado na maioria dos sinais referentes a cores;

e) DE ORDEM FONÉTICA: que são obtidos pela tentativa de representação visual do som que constitui a palavra em português, tal como são percebidas pelo surdo.


Referencial Bibliográfico:
Karin Strobel e Sueli Fernandes - Aspectos Linguísticos da Libras - SEED-PR
Lucinda Ferreira Brito - (1995)

Soletração Rítmica ou Sinais Soletrados


É um estágio da datilologia que apresenta forma, ritmo e movimento próprios. Algumas palavras parecem transformar-se em sinais (sinal soletrado), equivalendo ao timbre das palavras. Quase sempre há supressão ou aglutinação de letras. Ocorre frequentemente em nomes próprios e geralmente é derivada de empréstimo linguístico da Língua Portuguesa.
Alguns sinais são realizados através da soletração expressa, uso das iniciais das palavras, cópia do sinal gráfico pela influência da língua portuguesa escrita. Estes empréstimos sofrem mudanças formativas, e acabam por se tornar parte do vocabulário da Libras.
Ex: N-U-N-C-A ou N-U-N = “nunca”,
B-R = “bar”, S-L = “sal” ou “sol”,
A-Z-U-L = A-Z-L = A-L = “azul”.

MAIS EXEMPLOS DE SR:
SE = S-I (MV para frente, O.M. para baixo)
PAI = P-I (indicador tocando o buço e MV para frente com rotação do pulso)
SAL / SOL = S-L (a diferença está no P.A. S-O-L > mais alto, S-A-L > mais baixo)
VOVÔ = V-O-V-O (usando dedos polegar, indicador e médio, unindo as pontas dos dedos 2x)
VAI = V-AI (O.M. para baixo, dedos apontados para frente, com MV para frente)
SUCO = S-U-C-O (U horizontal, com a O.M. para baixo, C com O.M. para frente, e MV de rotação do pulso para fora e para dentro)


ALGUMAS REGRAS GRAMATICAIS CONHECIDAS

1 - Formas:
     a) Arco lateral
     Ex: O-I, L-U-I-Z, A-V, R-U-A, R-I-O, D-R, D-I-A, B-R, O-U-R-O
     b) Arco para frente e para baixo
     Ex: F-I-M

2 - Monossílabos tônicos: soletrados para cima.
     Ex: P-O-´, P-A-´

3 - Monossílabos terminados em “S” ou “Z”: são soletrados para baixo.
     Ex: G-A-S, G-I-Z

4 - Palavras terminadas em “U” e “X”: há inversão da O.M.
     Ex: O-U, V-I-U, E-X, M-A-U

5 – Palavras terminadas em R e L: têm o movimento final alongado.
     Ex: M-A-R, S-O-N-A-R, M-E-L, V-A-R-A-L


Referencial Bibliográfico:
http://www.ines.gov.br
Sueli R. Segala e Catarina K. Kojima - lÍNGUA DE SINAIS - A Imagem do Pensamento
Karin Strobel e Sueli Fernandes - ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS

Alfabeto Manual e Datilologia

O Alfabeto Manual é um tipo de sistema manual de representação quer simbólica, quer icônica, das letras e da ortografia dos alfabetos das línguas orais. Em todo o país o alfabeto é o mesmo. É formado por uma série de configurações de mão que correspondem às letras e números da língua escrita. O Alfabeto manual é pouco utilizado pelos surdos, principalmente os que têm pouco domínio sobre a língua escrita.

A Datilologia é a arte de digitação, ou soletração do Alfabeto Manual. A datilologia, assim como a ortografia, precisa ser aprendida e treinada.
É utilizada para:
  • traduzir nomes próprios, de pessoas, lugares, palavras que ainda não possuem sinal, ou identificar coisas novas, ambientes e pessoas que ainda não tiveram contato com a Libras;
  • auxiliar na intercomunicação entre duas línguas diferentes, explicando o significado de um sinal a um ouvinte ou ainda explicar ao surdo a forma escrita de uma palavra em língua portuguesa.

O alfabeto manual, apesar de configurar-se como empréstimo linguístico, é um instrumento de grande valia para o processo de aquisição do português como L2, sendo utilizado como um meio para verificação, questionamento ou veiculação da ortografia da língua oral.




Um Paralelo entre a Libras e o Português



Pontos em Comum:

a) Ambas são sistemas de comunicação.
b) São línguas naturais desenvolvidas por usuários nativos.
c) São constituídas de níveis fonológicos (quirológicos) sintáticos e semânticos.
    Fonológicos = Fonema
    Querenas = Grego: Kirós = Mãos
    (Estudo dos movimentos das mãos)
d) Apresentam arbitrariedade ou convencionalidade.
    Ex: LS - ver é feito com “V”
                errar é feito com “P”
    Ex: LP - cachorro não se chama “AU AU”
                por que janela se chama “janela”?
e) São dotadas de dupla articulação. Duas unidades mínimas sem valor contrastivo
    podem criar uma unidade mínima de valor contrastivo.
    Ex: VA (Sem acento não tem significado)
         CA (Sem acento não tem significado)
         VA + CA = VACA (valor com significado)
f) Apresentam variantes regionais (LP = idiossincrasia, LS = tautologia).
    Ex: LP - mandioca = macaxeira = aipim
          LS - branco, azul, verde
g) Ambas são estruturais e funcionais.
h) Os usuários nativos de Libras adquirem a linguagem tão rapidamente quanto as
    crianças brasileiras adquirem a Língua Portuguesa.
i) Palavras (sinais) que têm dois ou mais sentidos diferentes (polissemia).
    Ex: LP - manga (fruta, pasto, de camisa)
          LS - não-pode, não dá, ocupado.
                doce, açúcar, sobremesa.


Algumas Diferenças Básicas Próprias da Libras:

a) Sinais correspondentes a uma configuração de mão (letras ou números) oriundos
    do Alfabeto Manual.
    Ex: “C” = depressa, quente, cunhado, tio
          “4” = acusar, quarta-feira, conhecer
          “Y” = bobo, triste, sofrer, vaca
b) Sinais simples pela mão direita.
    Ex: amigo, avião, sábado
c) Sinais compostos de dois ou mais sinais.
    Ex: faqueiro = caixa + guardar + faca + garfo + colher
          piloto = homem + dirigir + avião
          mãe = mulher + bênção
d) Sinais que podem ter dois ou mais movimentos diferentes realizados
    simultaneamente ou movimento de uma das mãos sobre outra parte
    do corpo parado.
    Ex: cadeira, nervoso, papel, chocolate
e) Sinais que podem ter dois movimentos iguais realizados ao mesmo tempo.
    Ex: empregada, diferente, namorar, feriado
f) Sinais que não apresentam movimento de mãos. Só da face.
    Ex: roubo, ato sexual
g) Sinais com sentidos diferentes, mas mantém a mesma forma em Português.
    Ex: FALTAR/FALTA:
          Ausência - Ele faltou à aula.
          Insuficiência - Está faltando arroz.
          Falta em esporte - Zico cobrou a falta com perfeição.
          APAGAR:
          Desligar - Por favor, apague a luz.
          Limpar - Apagar o quadro negro.
          Fechar - Ela apagou o gás.
h) Frases formadas a partir de um único sinal.
    Ex: Estou com dor de cabeça. LS = dor-de-cabeça
          Quantos anos você tem? LS = idade
i) Sinais que com uma mesma representação manual podem ter
   significados diferentes quando associados à expressão facial diferente.
   Ex: não-pode # cair-do-cavalo # ocupado
         egoísta # problema meu # deixa comigo
j) Expressões idiomáticas da LP que não encontram sinal correspondente
   em Língua de Sinais.
  Ex: “cair de gaiato”, “pernas, para que te quero”, “dando sopa”, “vai tomar
  banho!”, “chá de cadeira”, “chorar o leite derramado”, “isso são outros
  quinhentos”, “entrar pelo cano”.

Verbos de Ligação

Chamados também de verbos auxiliares, e ao contrário dos verbos significativos, sos verbos de ligação são responsáveis por fazerem a ligação do sujeito com o predicado e normalmente não têm o sentido principal da frase, denotando não a ação, mas o estado, a qualidade, a condição ou a situação do sujeito. Por isso, na Libras são geralmente omitidos da frase. 

Principais verbos de ligação:
SER
ESTAR
FICAR
TER
HAVER
CONTINUAR
PERMANECER
PARECER
ACHAR
ENCONTRAR
ANDAR
TORNAR-SE

Nem sempre os verbos acima serão de ligação. Para fazermos uma correta análise, é preciso verificar o contexto em que estes verbos estão inseridos. Vamos usar como exemplo os verbos ANDAR e CONTINUAR:

Exemplo 1 (ANDAR)
O homem anda depressa.
Andar neste contexto significa modo, maneira que o homem anda. É um verbo de ação (portanto não poderá ser de ligação). Aqui andar é verbo intransitivo.

O homem anda preocupado.
Nesse caso andar indica o estado em que o homem se encontra. Logo, trata-se de um verbo de ligação.

Exemplo 2 (CONTINUAR)
Ela continua feliz. Indica estado. Verbo de ligação.
Ela continua sua tarefa. Indica ação. Verbo transitivo direto.

Sistemas de Classifcação

Sistemas de Classificação são estruturas complexas e ainda muito pouco exploradas pelos ouvintes intérpretes porque dependem de elementos próprios da cultura surda, os quais não são meramente aprendidos a partir da imitação, como acontece com a maioria dos sinais. Por isso os ouvintes têm mais dificuldade em reproduzi-los do que os surdos que o fazem naturalmente ancorados pela sua base cultural natural.
Enfatizando essa idéia de complexidade, reitero ser este estudo uma mera base estrutural que nos ajudará a compreender um pouco deste vasto campo de estudo composto pelos Sistemas de Classificação. Para isto, é válido lembrar que existem algumas regras que permeiam esta ferramenta valiosíssima da Língua de Sinais. Por exemplo, as (C.M.) utilizadas para cada objeto ou ação representada.

“D” para pessoa
“5” para animal
“C” para objetos cilíndricos
“1” para formas geométricas
“B” para superfícies planas
“Y” para objetos multiformes e irregulares
“G” para objetos finos e longos

Sistemas de Classificação são conjuntos de elementos visuais, entre os quais se podem encontrar ou definir relações para a visualização da imagem mental. Essa comunicação não-verbal, a icônica, não fala apenas no plano consciente, mas, consegue chegar às profundezas do inconsciente.
Baseando-se em sistemas de classificação, os surdos visualizam uma imagem mental configurando com as mãos, e retratam a imagem para manter uma comunicação com mais clareza de detalhes. Os traços essenciais desses sistemas com movimentos e ritmos de imagens, articulados num ícone apresentam relações análogas para a comunicação, que é formada a partir de cortes, descrição de um objeto, pedaço de uma cena ou ação, e as relações de umas com as outras, formando um painel de mosaicos com fluência e ritmo.
Não há forma sem significado, nem significado sem forma. Essa semântica, esse significado peculiar é que retrata tanto a ação como a descrição em estruturas funcionais. Porém o significado de uma forma depende do repertório, e este é o significado real da linguagem. Mas, esse repertório varia de pessoa para pessoa, dependendo da vivência e da cultura de cada um, e a cultura depende da faixa sócio-econômica em que se situa a pessoa, pois a formação e a informação dependem de muitos outros fatores.

Os Sistemas de Classificação nos permite explicar com clareza, frases, palavras, coisas e situações que não possuem sinal próprio.

A divisão que apresentamos a seguir é meramente didática, pois os sistemas se interligam e se intra-relacionam intrinsecamente. Essa tomada de imagens segue certa sequência que não se pode traduzir palavra por palavra, pois a estrutura da Língua Portuguesa é diferente da Língua de Sinais.

a) Sistema Descritivo: Toda e qualquer descrição, poderá valer-se do uso de figuras geométricas. Esta descrição deverá expor minuciosamente os elementos visuais (forma, tamanho, textura e se precisar, a cor) e traçar a figura geométrica do desenho do objeto.
b) Sistema Específico: Este sistema deve retratar características especiais, com explicações minuciosas, esmiuçar as particularidades das partes do corpo dos seres animais. Ex: forma e tamanho dos pelos(comprido, curto arrepiado).
c) Sistema Funcional: Deverá reproduzir a imagem da ação, a maneira como um corpo ou parte do corpo age e atua. Esse movimento, configurado com as mãos, deverá retratar o comportamento e/ou funcionamento de qualquer corpo. Ex: mordida de animais, movimento dos olhos, trejeitos.
d) Sistema de Locação: Deverá reproduzir a imagem de como um corpo se relaciona num determinado lugar, definindo posições, localizações e expressões dessa correspondência. Ex: sobre a mesa, no ar, no céu, etc.
e) Sistema Instrumental: Deverá reproduzir a imagem de como se serve, se utiliza alguma coisa. Ex: vassoura varrendo, gaveta abrindo, abrindo tampa de garrafa ou vidros, ferramentas.
f) Sistema de Pluralização: Esse sistema classifica números determinados ou indeterminados de alguma coisa, pessoa ou animal. Ex: pessoa(s) ou animal(is) indo e vindo.
g) Sistema de Elementos da Natureza: Reproduz a imagem de elementos que não são sólidos. Ex: o ar, a fumaça, a água líquida, a chuva, o fogo, a luz etc.

Referências Bibliográficas: A Imagem do Pensamento - Editora Escala
                                           INES