domingo, 28 de novembro de 2010

II CONGRESSO DE PESQUISA EM TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO – Breve relato

Participar deste congresso foi uma experiência extremamente gratificante e produtiva. Além de podermos nos aperfeiçoar com um mini curso “Fundamentos para a interpretação de língua de sinais – Nível I”, ministrado por Ronice Müller de Quadros, que dispensa apresentação, pudemos também nos situar em o que acontece pelo mundo, com palestrantes de vários países como Portugal, Inglaterra e EUA e das melhores universidades do Brasil. Assim, pudemos perceber que existem tantos temas ainda não explorados e que, a despeito da língua, da geografia e da cultura, também compartilhamos de muitos aspectos comuns, sempre abordados ao mais alto nível e acrescentando experiência à nossa bagagem como intérpretes. Certamente saímos de lá muito melhores do que quando ali chegamos.
O ponto que talvez não tenha sido o mais alto, mas, sem dúvida o mais interessante ou quem sabe, intrigante, foi poder presenciar uma palestra em ASL ou outra em Língua de Sinais Internacional sendo interpretada para a LSB por intérpretes surdos, e traduzida para o português simultaneamente. Realmente inesquecível!
No mini curso, Quadros, com simplicidade, didática e competência nos ensinou os passos para uma boa tradução, a começar com a construção da imagem mental, passando pela identificação do ponto central, a organização das idéias, o controle do filtro, a escolha das palavras, a afetação e tantos aspectos de que nunca vimos abordados antes e com tanta propriedade. Edificante!
E para coroar este evento maravilhoso, tivemos como pano de fundo a beleza da cidade de Florianópolis, que mesmo com tempo nublado nos proporcionou um espetáculo de paisagens deslumbrantes.
Nosso próximo objetivo agora será o 1º Congresso Internacional a acontecer na UNICAMP de 18 a 20 de novembro de 2011. Faça planos para estar presente e desfrutar de uma experiência como esta. Você não vai se arrepender!

Abaixo algumas fotos com grandes nomes que contribuíram com o alto nível do evento:

ANA REGINA CAMPELLO: Bibliotecária e pedagoga surda; doutoranda em Educação Inclusiva na UFSC; Ex-Presidente da FENEIS e militante da comunidade Surda há 30 anos; Atualmente, Professora Adjunta de Língua de Sinais Brasileira na UFSC.


JULIANA FERNANES DA SILVAIntérprete de Libras – UNICAMP


LELAND EMERSON MCCLEARY: Graduado em Letras/Inglês - Southwestern University e doutor em Linguística pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor doutor da USP. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em linguística aplicada.


NELSON PIMENTA: Ator surdo, pesquisador de Língua de Sinais. Graduando em Cinema na Universidade Estácio de Sá, coordena as ações de teatro e expressão corporal da Arpef (Associação de Reabilitação e Pesquisa Fonoaudiológica), preside o ILSB (Instituto de Língua de Sinais Brasileira) e é professor de Teatro no Centro Educacional Pilar Velazquez.


RICARDO ERNANI SANDER: Presidente da FEBRAPILS


RONICE MÜLLER DE QUADROS: Doutora em Linguística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do RS – PUC. Professora, pesquisadora e coordenadora geral do curso Letras-Libras EaD da UFSC.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

REGULAMENTADA A PROFISSÃO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS

Foi sancionada ontem e publicada hoje no Diário Oficial da União, a lei 12.319/2010, que regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua de Sinais Brasileira.

Há anos estávamos à espera da regulamentação do exercício de nossa profissão, que até então vinha sendo marginalizada pelo não reconhecimento. Desde a publicação do decreto 5626 em 22 de dezembro de 2005, esta espera se tornou mais confiante, e a expectativa de vê-la concretizada cada dia mais forte, sustentadas pelo capítulo V, nos artigos 17 ao 21 que regulamentam a “formação” do tradutor e intérprete, fato este, que já apontava para a regulamentação da profissão.

Tamanha foi a surpresa ao ouvir esta notícia de fonte fidedigna, e até por acaso, quando nesta quinta-feira, em viagem para Curitiba, já me antecipando ao feriado, liguei o rádio a procura de uma estação que tocasse músicas para me entreter durante o trajeto, sem me dar conta de que naquele horário é transmitida “A Voz do Brasil”. Programa que a maioria dos brasileiros, lamentavelmente, não aprecia.

Como foi emocionante saber disso quase que em primeira mão! Mas, por outro lado, a impossibilidade de sair do carro e escrever este post me levava ao quase desespero. Não via a hora de chegar e poder divulgar esta notícia tão preciosa aos nossos olhos e, principalmente, às nossas mãos!

Se desejar, você pode fazer o download da Lei na íntegra AQUI.

terça-feira, 15 de junho de 2010

ENCICLOPÉDIA DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

A Enciclopédia da Língua de Sinais Brasileira: O Mundo do Surdo em Libras, com autoria de Fernando César Capovilla e Walkiria Duarte Raphael é composta por dezenove volumes e três CDs. Os volumes desta Enciclopédia de Libras documentam os sinais do universo do surdo brasileiro.

Para surpresa de muitos, já vem sendo publicado desde 2004, três anos depois do lançamento da primeira edição do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Diferentemente do Dicionário, que traz os sinais de Libras arranjados por ordem alfabética dos verbetes, a Enciclopédia traz os sinais de Libras arranjados em campos semânticos como: educação, higiene e saúde, geografia e história, cidadania e política, comunicação, religião, eventos, palavras de função gramatical, artes visuais e assim por diante. Constitui, por isso, importante material para aprendizagem da Libras, para elaborar exercícios de conversação em Libras e para verter o currículo escolar para Libras. É um instrumento importante para a aquisição e desenvolvimento da Língua de Sinais e para a linguagem escrita de crianças e jovens surdos brasileiros, elemento indispensável para a adaptação e complementação dos currículos de educação infantil, ensino fundamental e médio.

Por outro lado, em sua forma computadorizada a Enciclopédia digital de Libras traz os sinais indexados por elementos quirêmicos de sua estrutura sublexical, tais como a configuração da mão, o ponto de articulação, a orientação da palma, o movimento, e a expressão facial associada, o que permite ao surdo prescindir do conhecimento do Português para localizar qualquer sinal de Libras, e ser capaz de resgatar qualquer sinal a partir apenas dos elementos sublexicais da estrutura quirêmica do sinal em que está pensando. Desta forma, a Libras passou a poder ser efetivamente usada como metalinguagem para adquirir leitura e escrita alfabéticas do Português.

Até recentemente essa história de avanços sucessivos nas estratégias de indexação de sinais tinha apenas três capítulos: O primeiro, com a estratégia de ordenação alfabética de verbetes inaugurada pelo Dicionário; o segundo, com a estratégia de agrupamento dos sinais de Libras por campos semânticos que foi inaugurada pela Enciclopédia; e o terceiro com a estratégia de indexação quirêmica dos sinais que foi inaugurada pela Enciclopédia Digital. O quarto e talvez o último capítulo dessa saga, está sendo escrito agora, com a estratégia de indexação dos sinais de Libras pelos elementos da estrutura morfêmica desses sinais.

Essa estratégia combina as vantagens de um sistema de indexação linguística (i.e., facilidade de classificar informação, ou seja, de armazenamento e recuperação de sinais) com as vantagens de um sistema semanticamente orientado (i.e., facilidade no acesso intuitivo e uso pragmático dos sinais). Como os morfemas são as menores unidades de significado empregadas num dado sistema linguístico, uma indexação de sinais baseada na estrutura morfêmica seria altamente vantajosa, pois os morfemas de sinais, ao mesmo tempo em que codificam significados recombinativos específicos, são eles próprios compostos de fonemas (ou no caso de sinais, de quiremas) que são as menores unidades mínimas formais capazes de distinguir entre dois itens lexicais discretos, no caso, entre dois sinais.

Se eficiente, essa indexação poderá, no futuro, ser empregada como interface para o resgate eficiente de sinais em tempo real durante conversações empregando sistemas de comunicação entre surdos e ouvintes, e de telecomunicação cifrada entre surdos estrangeiros com diferentes línguas de sinais (Capovilla et. al., 2003; Capovilla, Duduchi et al., 2006; Duduchi & Capovilla, 2006).

Saiba como adquirir a Enciclopédia da Língua de Sinais Brasileira: O Mundo do Surdo em Libras, clicando AQUI.

sábado, 12 de junho de 2010

PROLIBRAS - CERTIFICAÇÃO AMADURECEU EM QUATRO ANOS DE EXISTÊNCIA

O processo seletivo da UFSC promovido pela COPERVE tem demonstrado notável amadurecimento ao longo destes quatro anos de experiência.
Lembro-me bem do primeiro processo seletivo (2006) do qual participei e obtive minha certificação. Os vídeos de prova tinham fundo branco, o que dificultava muito a leitura de datilologias, por sinal, muito mal executadas, frequentemente com supressão de letras e por vezes de lado para a câmera. Hoje os vídeos são exibidos com legendas de datilologias. O caderno de prova não tinha o enunciado das questões, ficando o candidato obrigado a compreender todo o conteúdo a partir do vídeo e despender de tempo precioso fazendo anotações. Hoje, no caderno temos impresso o enunciado, que facilita o candidato na compreensão do quesito e o deixa mais à vontade para se concentrar nas respostas. Outro detalhe importante relacionado com o uso de regionalismo vem sendo aperfeiçoado. Antes, era comum a utilização de variações linguísticas (sinais regionais de Santa Catarina) sendo que a prova é de alcance federal. Hoje, a utilização de sinais regionais continua, porém, para tornar mais clara a compreensão, após seu uso, geralmente é feita a soletração da palavra correspondente, e simultaneamente é exibida a legenda da datilologia. A soma destes fatores têm contribuído eficazmente para um maior número de candidatos aprovados e consequentemente mais pessoas preparadas são colocadas no mercado de trabalho anualmente, além de se promover um processo seletivo mais justo e eficiente.
Temos acompanhado também os processos seletivos para a modalidade presencial do curso de Letras-Libras. É uma pena que ainda não esteja disponível em todas as capitais! Podemos afirmar sem receio que isto se trata apenas de uma questão de tempo. Logo veremos esta relidade ora sonho concretizada.
Se você ainda não participou do processo seletivo da COPERVE-UFSC, anime-se, pois hoje está bem mais fácil de conquistar a certificação. Um dos fatores que pode, não só contribuir, mas fazer total diferença é o acesso aos vídeos de provas anteriores. Se visitar o site do Youtube vai encontrar lá a maioria das provas aplicadas em processos seletivos anteriores. Esta é uma ótima estratégia para estudar. Além de poder se familiarizar com a maneira de sinalização dos surdos nos vídeos, você poderá também se inteirar do conteúdo abordado nas avaliações.
Pensando nisso, estamos disponibilizando aqui no Blog as questões da prova do vestibular Letras Libras da UFSC 2009. São vinte questões para você estudar e fazer uma auto-avaliação.
Para assistir ao vídeo da questão 1 clique AQUI e Boa Sorte!

terça-feira, 1 de junho de 2010

ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O VESTIBULAR LETRAS - LIBRAS PRESENCIAL NA UFSC

A COPERVE - UFSC, declara que estarão abertas, no período de 08 de junho de 2010 até às 23h59min do dia 30 de junho de 2010, as inscrições ao Concurso Vestibular UFSC/2010/Libras para ingresso nos Cursos de Licenciatura em Letras – Libras (língua brasileira de sinais) e Bacharelado em Letras – Libras (língua brasileira de sinais), oferecidos na modalidade presencial no Campus de Florianópolis, a todos os que concluíram ou estão em vias de concluir o Ensino Médio (curso de 2o Grau ou equivalente) e que forem fluentes na Libras.

Fonte: http://www.vestibular2010.ufsc.br/libras

segunda-feira, 31 de maio de 2010

PREFEITURA DE GUAIANASES MAIS ACESSÍVEL PARA SURDOS

A Praça de Atendimento da Subprefeitura de Guaianases amplia o seu atendimento a surdos e deficientes auditivos. A novidade é a webcam que vai possibilitar a conversa do cidadão surdo à distância, pelo monitor, com intérpretes da Língua de Sinais Brasileira, para consultar os serviços públicos oferecidos pela Prefeitura de São Paulo. Trata-se da Central de Libras, Intérpretes e Guia-Intérpretes (Celig). Os intérpretes facilitam o contato entre o cidadão surdo e o atendente presente no local. A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida espera que este projeto, que já esta implantado em 11 subprefeituras, ao longo do ano de 2010, chegue a todas as 31 subprefeituras e, gradualmente, a outras unidades do serviço público municipal, com prioridade para hospitais e unidades da rede de saúde.

Fonte: http://www.itaqueraemnoticias.com.br/sec.asp?cod=6700

segunda-feira, 17 de maio de 2010

PARCERIA POSSIBILITARÁ BÍBLIA PARA SURDOS EM VÍDEO

A parceria entre a Wycliffe Associates e a Surdos Opportunity International Outreach possibilitará a tradução da Bíblia para a Língua de Sinais para milhões de pessoas que não têm acesso às Sagradas Escrituras.
As equipes de tradutores de várias nações trabalham para transformar a Bíblia para o formato de vídeo. “Ser cego, separa pessoas das coisas, mas ser surdo separa pessoas das pessoas. Nós queremos ter certeza de que o ser surdo não vai separá-lo de Deus”, explicou Bruce Smith, presidente da Wycliffe Associates.
De acordo com a Wycliffe Associates, existem mais de 200 línguas de sinais identificadas sendo usadas no mundo e cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo se comunicando com língua de sinais. Nenhuma outra língua de sinais conhecida no mundo tem a Bíblia em forma completa. Até o momento, somente as pessoas que utilizam a Língua de Sinais Americana têm o Novo Testamento, em formato vídeo, e a gravação de vídeo do Antigo Testamento está em andamento.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

EDUSP LANÇA NOVO DICIONÁRIO DE LÍNGUA DE SINAIS

A Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) lançou em março de 2010 uma edição atualizada e ampliada de seu Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilingue da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A obra traz 14 mil verbetes em português, 9.828 sinais de Libras e 56 mil verbetes em inglês.
O dicionário foi organizado pelo professor Fernando César Capovilla, do Instituto de Psicologia da USP, em parceria com as pesquisadoras Walkiria Duarte Rafael, também do IP-USP, e Aline Cristina Lofrese Maurício, do centro universitário Unisant’anna.
O trabalho contou com mais de 200 colaboradores e é resultado de mais de 20 anos para ser concluído. Contribuíram mestrandos, doutorandos, ilustradores de sinais e de significado, revisores e surdos.
Capovilla prepara agora um Tratado de Educação de Surdos e um Compêndio de Avaliação do Surdo e o seu grupo de trabalho deve elaborar a Nova Enciclopédia da Língua de Sinais Brasileira, que também deverá contar com uma versão eletrônica. Todas essas publicações deverão ter o selo da Edusp.

Título: Novo Deit-Libras: Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (Libras) baseado em Linguística e Neurociências Cognitivas (2 vols. Edusp, 2010).
Autores: Fernando César Capovilla, Walkiria Duarte Raphael e Aline Cristina L. Mauricio.
Preço: R$220,00.
Vendas:(11)3091-4156

terça-feira, 13 de abril de 2010

II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA EM TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

25 a 27 | novembro | 2010 :: Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

O Congresso convoca os pesquisadores da área de Interpretação e Tradução a:
* Apresentar suas pesquisas, trocar conhecimentos e experiências a respeito dos resultados encontrados do intercâmbio entre as diferentes áreas do conhecimento [Educação, Tradução e Lingüística]
* Traçar metas e objetivos de organização profissional e formação para profissionais deste campo no país.
* Afirmar as pesquisas em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais brasileira no campo dos Estudos de Tradução e Interpretação.

Dias 22 e 23 de novembro
Atividades Pré-Congresso: 8 Mini-Cursos. Confira!

Informações:
congressotils@projectaeventos.com.br
Tel: (48) 3028 2004
Realização:UFSC Apoio:FENEIS

domingo, 11 de abril de 2010

Datas Comemorativas

23 de Abril - Dia Nacional da Educação de Surdos
24 de Abril - Dia da Libras
26 de Julho - Dia do Intérprete de Libras
10 de Setembro - Dia Internacional de Valorização das Línguas de Sinais
21 de Setembro - Dia Nacional da Pessoa com Deficiência
26 de Setembro - Dia do Surdo
30 de Setembro - Dia Mundial do Surdo
10 de Novembro - Dia Nacional da Surdez
03 de Dezembro - Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
09 de Dezembro - Dia do Fonoaudiólogo
10 de Dezembro - Dia da Inclusão Social

Famosos Surdos

Curiosidades




Você Sabia?

De acordo com o Senso 2000 do IBGE a população surda brasileira é de 3,4%, sendo que declaradamente este índice não passa de 1%, cerca de 170.000 pessoas.

Já no Senso 2010 temos a cifra de 5,1 % ou seja: 9.722.163 pessoas com algum grau de surdez. Uma realidade bem diferente. Não que esta diferença tenha ocorrido de 2000 para 2010. Mas, pela mudança expressiva nos critérios de pesquisa, que agora contam com um questionário bem mais abrangente, o que possibilitou uma visão bem mais realista sobre a população surda brasileira atual.

Perguntas Frequentes

A Libras é universal?
Não. A libras não é universal. Existe o Gestuno, que é considerada uma língua internacional. Uma forma simples de representação das línguas de sinais, porém não muito utilizada ou difundida. Ver: A Universalidade da Língua de Sinais.

A Libras é uma Linguagem ou uma Língua?
Libras é uma língua. A definição de linguagem como meio de expressão não contempla o universo da Libras, que permeia as complexidades e características de Língua assim como as línguas orais. A Libras apresenta sintaxe, semântica, fonologia e demais aspectos comuns às demais línguas. Ver: Conceitos Introdutórios.

O Alfabeto Manual é universal?
Não. O Alfabeto Manual não é universal. Assim como a Língua, o alfabeto é também próprio de cada país ou comunidade que se apropria dele como ferramenta de comunicação. Um empréstimo linguístico da L2. Ver: Alfabeto Manual.

Por quê os surdos geralmente apresentam dificuldades de fala?
É comum vermos surdos apresentarem dificuldades de fala. Não que isto implique em alguma limitação patológica ou anatômica que o justifique, porém, os surdos (maioria) têm a Libras como L1 e o Português como L2. Ou seja, o português como uma língua estrangeira.

Como obter a certificação de tradutor/intérprete?
Para obter a certificação de tradutor/intérprete conferida pelo MEC, há somente um caminho a seguir: primeiro há a necessidade de contato com a comunidade surda suficiente para propiciar fluência na Libras, e/ou cursos preparatórios para esta prova, que é aplicada em Libras através de vídeos geralmente com textos sinalizados por surdos. Depois disto, deve-se ficar atento aos calendários de exames de proficiência aplicados pela COPERV - http://www.coperve.ufsc.br/prolibras/, através do PROLIBRAS – http://www.prolibras.ufsc.br sob a gestão da UFSC. Estes exames geralmente são anuais, e são realizados nos polos das Universidades federais por todo o país.

Existem cursos de Libras com certificação do MEC?
São raros, mas existem. A questão é simples: a maioria dos cursos ministrados por entidades particulares, ainda que com instrutores credenciados pelo MEC, não tem o reconhecimento do MEC. Existem, sim, cursos de pós-graduação ou extensão ofertados por universidades ou faculdades credenciadas pelo MEC, e, portanto, com o reconhecimento do MEC, porém, ainda, sem uma padronização de conteúdo programático prático/teórico, muito variado pelas instituições de ensino.

Ouvintes podem ser instrutores de Libras ou é uma atividade exclusiva dos surdos?
Por muitos anos permaneceu a grande discussão sobre este tema tido como polêmico. Muitos surdos (maioria) viam a atividade de ensino da Libras como uma oportunidade de trabalho, geralmente escasso pelas péssimas políticas de inclusão nas décadas passadas, e não admitiam que ouvintes, independentemente da capacitação para o ensino, ensinassem Libras. A questão era tida como ética e fomentava grandes movimentos que às vezes chegavam a extremos. A partir de 2006, com o exame de certificação aplicado pelo MEC, a discussão teve um fim, pois de acordo com o MEC, independentemente da situação de surdo ou ouvinte, alguém que tenha conquistado a certificação de proficiência para o ensino da Libras está plenamente apto a exercer esta atividade.

Todos os surdos são aptos a ensinar Libras?
Não. Nem todos os surdos são aptos a ensinar Libras. O fato de ser surdo não capacita nem habilita uma pessoa ao ensino da Libras. Isto só é conquistado através do exame de proficiência do MEC que atestará a capacidade para o exercício da atividade de Instrutor.

A Libras é uma língua padronizada em todo o país, ou existe regionalismo?
Não a Libras não é padronizada. Assim como as línguas orais, a Libras tem suas variações regionais e sociais, de acordo com a cultura e a época que se fala. Boa parte da Língua é reconhecida oficialmente através da publicação do dicionário oficial da Língua de Sinais. Porém, o fato de não constar no dicionário não ratifica a tese de que não seja Libras oficial. Somente reforça a ideia de que há um forte regionalismo presente em nossa cultura. Ver: Variações Linguísticas (dialetos).

As línguas gestuais-visuais são inferiores às línguas orais?
Não. Algumas pessoas e até mesmo estudiosos de línguas orais tem afirmado que as línguas de sinais são inferiores às línguas orais. Isto se deve essencialmente à ignorância do assunto. O que temos visto nas últimas duas décadas é que as línguas de sinais demoraram muito tempo para se afirmarem como línguas, por terem sido vítimas de preconceito e até mesmo marginalizadas pela sociedade predominantemente ouvintista. A partir da década de 1990 após estudos pioneiros da linguista Lucinda Ferreira Britto e mais tarde por outros tantos nomes de expressão como, Lodenir Karnopp, Tania Felipe, Ronice Quadros, Gladis Perlin, Karin Strobel, e muitos outros tantos nomes do mundo linguístico, que esta falsa impressão foi desmascarada. Sabemos que os estudos da Libras ainda não são suficientes, principalmente pela complexidade da própria Libras, que permeia campos muito densos, como por exemplo, os Sistemas de Classificação, ainda pouco perscrutados pelos estudiosos o que nos proporcionará amplo material de estudo ainda por muitas décadas. Talvez a ausência de uma Gramática Oficial induza os estudiosos mais superficiais a acreditarem nesta falsa afirmação. Além do que, não seria justo comparar línguas de espectros tão distintos como estes: Português oral/escrito / linear já a Libras é visual / gestual / espacial /  multidimensional. Ver: Um paralelo entre a Libras e o Português.

Ouvintes podem apresentar uma Identidade Surda?
Sim. Ouvintes podem apresentar uma identidade surda, quando expostos a ela precocemente, geralmente como acontece nas famílias de pais surdos com filhos ouvintes que tem como língua materna a Libras L1 e posteriormente aprendem o Português L2. Ver: Identidade Surda.

Existem gírias ou expressões idiomáticas na Libras?
Sim. Da mesma forma como acontece nas línguas orais, na Libras os meios de influência destes fenômenos linguísticos são a cultura e a dinâmica da própria língua. Existem dezenas, talvez centenas de expressões idiomáticas e gírias na Libras. Isto também varia de acordo com a região e a época. Cada geração tem imprimido sua identidade nas formas de comunicação, que vem mudando cada vez em espaços mais curtos de tempo. As novas gerações jovens tem a necessidade de criar seu próprio estilo e isto se aplica também à Libras. O que não deveria ocorrer, é a perda ou o desuso de sinais ou expressões mais ricas por expressões mais pobres, simplesmente por serem mais modernas, atuais. Assim, perde-se em qualidade e em conteúdo, o que é lamentável para qualquer cultura. Nas línguas orais isto é um pouco minimizado pelos registros escritos (livros) e visuais (vídeos, filmes, documentários) Porém, na Libras, por se tratar de uma língua visual, e termos pouquíssimos registros dela ao longo das décadas, o risco de perda é muito maior.

Como entender os critérios utilizados para dar sinal às pessoas e às coisas?
São muitos os critérios utilizados pelos surdos para dar sinal às pessoas e às coisas. Quanto às pessoas, geralmente prevalece uma característica física ou fisionômica, seguida de características marcantes de trejeitos, atividades, gostos, etc. No caso das coisas, as características descritivas (forma, tamanho, textura) ou de funcionalidade e instrumentalidade são observadas criteriosamente para se chegar ao sinal (significante) que represente melhor aquela coisa (significado). É comum vermos sinais de pessoas e, às vezes também, de coisas, executados com a Configuração de Mão de representa a letra inicial da palavra em português. Isto não é regra. É, portanto, uma exceção justificada pela influência da língua escrita (português) sobre a língua gestual (Libras). Hoje, mais raramente se observa esta apropriação, devido ao amadurecimento da comunidade surda e da valorização da Libras com as políticas públicas e amparo da legislação legal.

Para todas as palavras da Língua Portuguesa encontramos um sinal correspondente na Libras?
Não. Cada língua tem sua raiz na sua própria cultura. Isto implica em uma comunicação baseada na vivência e comportamento desta comunidade que se utiliza da língua para expressar suas capacidades e manifestar suas experiências ao longo da vida. Isto não quer dizer que não possamos interpretar uma palavra do português que não tenha uma referência imediata na Libras. O que geralmente acontece é 1) o intérprete inexperiente soletra usando o alfabeto manual e simplesmente não comunica, pelo simples fato de a palavra soletrada ser desconhecida do surdo. 2) o intérprete mais experiente soletra e explica com dois, três, quatro ou quantos sinais achar necessários para comunicar a ideia ou o significado daquela palavra. Assim transporta conhecimento de uma cultura para outra e estimula a criação de novos sinais que comporão o vocabulário desta língua. Curiosamente o inverso também acontece. Na tradução da Libras para o português, muitos sinais que não tem correspondência no português precisam ser esmiuçados em diversas palavras para comunicar com o mesmo conteúdo, às vezes de um único sinal, geralmente rico em conteúdo e de difícil tradução com um simples e único vocábulo. Assim, ao longo dos tempos vamos construindo um referencial linguístico comum de ambas as culturas, o que propicia um mútuo enriquecimento. Vemos muitos exemplos de importação de expressões originalmente americanas para a nossa cultura, e ninguém acha anormal. Por quê? Culturalmente fomos nos acostumando ao fato de usar cada vez mais estrangeirismos, em vez de nos apropriarmos cada vez mais da nossa própria língua e cultura. A exemplo desta postura podemos citar a França.

Filmes Sobre Surdez

11 de Setembro
100 Girls
2001 – Uma Odisseia no Espaço
A Broadway dos Meus Sonhos
A Corrente do Bem
A Hora da Estrela
A Maçã
A Missão
A Música e o Silêncio
Alpine Fire
Amour Secret
Amy – Uma Vida pelas Crianças (Tv Film)
Anatomie D´Un Miracle
And Now Tomorrow
Ao Mestre Com Carinho I e II
Babel
Beethoven – Um Grand Amour de Beethoven
Beyond Silence
Big Little Person
Black
Blue Rodeo (Tv Film)
Bonanza – Trovão Silencioso
Bridge to Silence (Tv Film)
Budbringeren
Cegos, Surdos E Loucos
Cenas da Praia
Cine Gibi
City of Sadness
Compensation
Congo
Cop Land
Corpo a Corpo
Country of The Deaf (Tv Film)
Crazy Moon
Crianças Invisíveis
Dead Silence
Deaf Smith And Johnny Ears
Deafula – Drácula
Destination : Graceland
Do Luto à Luta
Dobermann
Dot
Dummy (Tv Film)
E Seu Nome é Jonas
Egypt
Entre os Muros da Escola
Eu, Christiane F. Drogada e Prostituta
Fernão Capelo Gaivota
Filhos do Silêncio
Fome de Amor
Gestos de Amor
Gigot
Hear No Evil
Helen – A Raposinha
Helen Keller And Her Teacher
Helen Keller: The Miracle Continues
Histórias de Princesas da Disney
Intimate Portrait: Helen Keller
John Lennon – Imagine
Judement
L´Abbe de L´Épée
La Mélodie du Silence
La Trompette Magique
Lágrimas do Silêncio
Le Bateau de Mariage
Les Innocents
Les Mots Blues
Les Nuit Claire
Les Silencieuses
Lettre D´Mour Zoulou
Little House Prairie
Los Amigos
Meu Pé Esquerdo
Mr. Holland, Adorável Professor
Neel
No Silêncio do Amor
O Céu De Lisboa
O Cisne Apaixonado
O Enigma de Kaspar Hauser
O Filme Surdo De Beethoven
O Garoto Selvagem
O Martírio do Silêncio
O Milagre de Ann Sullivan
O Milagre na Rua 34
O Óleo de Lorenzo
O País dos Surdos
O Passado
O Pássaro Azul
O Piano
O Poder da Esperança
O Silêncio
Old Boy
Os Cinco Sentidos
Paciente 14
Palavras do Silêncio
Paranoid
Pequeno Milagre
Points de Rupture
Pollyanna
Professor, Aqui quem Fala é Seu Aluno Surdo
Quatro Casamentos e um Funeral
Quem Somos Nós I e II
Querido Frankie
Ritmo Acelerado
Savage Streets
Ser e Ter
Silêncio do Amor
Sob Suspeita
Sobre Meninos e Lobos
Sobre meus Lábios
Som e Fúria
Terra do Silêncio e da Escuridão
Terre Et Cendres
The Dancer
The Unconquered (Helen Keller In Her Story)
Till Human Voices Wake Us
Tortura Silenciosa
Tudo em Família
Velocidade Máxima 2
Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida
Xuxa e os Duendes 2 - No Caminho Das Fadas

sábado, 10 de abril de 2010

Nomenclaturas

Nunca use o termo SURDO-MUDO! Além de ter conotação pejorativa, não traduz a realidade de fato. Surdez e mudez são coisas distintas e raramente encontra-se a ocorrência de ambas em um único indivíduo. A forma mais bem aceita para designar um surdo é "SURDO". Se estiver fazendo mensão a outras áreas, pode-se utilizar a expressão "PESSOA(S) COM NECESSIDADES ESPECIAIS"
E não se esqueça de evitar rótulos como DA (deficiente auditivo), PPD (pessoa portadora de deficiência), PNE (portador de necessidades especiais), PCD (pessoa com deficiência), etc. Fazendo assim você estará contribuindo para que a cultura surda seja respeitada.

Universalidade das Línguas de Sinais

As Línguas de Sinais são comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. As línguas expressam idéias sutis, complexas e abstratas. Todas as Línguas de Sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas e em resposta às mudanças culturais.
A Língua de Sinais não é universal. Cada Língua tem sua própria estrutura gramatical. As pessoas surdas por toda parte do mundo estão inseridas em culturas surdas distintas, o que justifica que se tenham suas próprias línguas.
Compreender a gramática de uma língua é aprender as regras de formação e de combinação dos elementos desta língua, observando seu contexto cultural.

Componentes da Língua de Sinais

1. Parâmetros Primários:
a) Configuração Das Mãos (CM): A forma que a mão assume na realização de um sinal. Ex: Telefone( Y ) / Branco ( B )
b) Ponto De Articulação (PA): É o espaço onde são articulados os sinais: em frente ao corpo (neutro) ou uma região do próprio corpo (cabeça, tronco, braços e mãos). Ex: Sábado (Boca); Aprender (Testa). Trabalhar e Brincar (Neutro).
c) Movimento (MV): Parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções. Caracterizado pelo deslocamento das mãos no espaço na realização de um sinal. Ex: Semana (translação); Quando (rotação).



2. Parâmetros Secundários:
a) Disposição da(s) Mão(s) (DM): A articulação dos sinais pode ser feita apenas pela mão dominante ou pelas duas mãos. Neste último caso as mãos podem se movimentar para formar o sinal, ou então apenas a mão dominante e a outra funciona como (PA) ou é neutra.
b) Orientação da(s) Mão(s) (OM): É o que determina a posição das palmas das mãos, se voltadas para baixo, para cima, para esquerda, para direita, podendo haver mudança na orientação durante a execução do movimento. Direção, idéia de oposição, contrário ou concordante.
c) Região de Contato (RC): Refere-se à parte da mão que entra em contato com o corpo.



3. Componentes Não Manuais da Libras:
a) Expressão Facial (EF): A expressão facial tem o papel de indicar diversos elementos que não podem estar presentes nos sinais como: pontuação, emoção, ênfase, ironia, etc. É importante utilizar uma expressão fisionômica adequada para que as emoções implícitas nas frases sejam bem compreendidas. Elas devem ser utilizadas simultaneamente com os sinais. 
  • Afirmação: Neutra 
  • Interrogação: Sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima.
  • Exclamação: Sobrancelhas levantadas; ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima e para baixo; boca fechada com movimento para baixo (intensificador).
  • Negação: Possui 4 (quatro) formas básicas:
        a) Simultaneamente ao sinal, movimento negativo com a cabeça e expressão 
            facial. (recomendado)
        b) Incorporação de um sinal com movimento contrário.
            Ex: Gostar, Querer, Aceitar.
        c) Incorporação de um sinal específico de verbo negativo.
            Ex: Poder, Ter.
        d) Acréscimo do sinal “NÃO” após o verbo. Exceto casos b e c.

b) Expressão Corporal (EC):
As Línguas de Sinais utilizam-se das expressões faciais e corporais para estabelecer tipos de frases equivalentes aos recursos de acentuação da língua portuguesa que definem os modos em que se encontram as frases. Por isso, é importante dedicar muita atenção às expressões faciais e corporais feitas simultaneamente aos sinais, a fim de identificar o modo em que se encontra a frase, além de agregar ricos valores gramaticais.

Variações Linguísticas (dialetos)

Apesar de ainda não haver estudos conclusivos sobre variações linguísticas na Libras, podemos discorrer pelos aspectos mais relevantes e ampliarmos um pouco nossa visão sobre regionalismo. Muitos leigos, equivocadamente, têm a Língua de Sinais como universal. Deste tópico já tratamos no tema “A Universalidade das Línguas de Sinais”. Outros imaginam que a Língua de Sinais falada no país é uniforme e padronizada. Eis aqui outro grande equívoco.
Os principais fatores desencadeantes deste processo são: cultural (literatura, artefatos), - tema bem abordado por Karin Strobel em seu livro “As Imagens do Outro Sobre a Cultura Surda”, geográfico, econômico e principalmente social (oportunidade, preconceito, discriminação). Neles estão contidas as explicações para as variações, não só de léxico, vocabulário, mas também, e principalmente no aspecto morfológico e semântico. Se ignorarmos estes pormenores, deixaremos de reconhecer as muitas diferenças de vocabulário, expressões idiomáticas, gírias locais, dialetos (ramificações de uma determinada lingua relacionada a uma região), polissemias e até mesmo de sotaque. Por isso devemos colocá-los todos como coresponsáveis para uma análise mais ampla e realista do retrato nacional da Libras e suas variantes.
A maneira como as pessoas de regiões diferentes enxergam o mundo, ainda que num mesmo país, difere em muito. A bagagem sociocultural de cada indivíduo e sociedade interferem na elaboração do signo, seja na criação do significante ou na produção do significado.

A psicóloga Walkiria Duarte Raphael, uma das autoras do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira (Edusp, 2001), afirma “a unidade linguística é um mito mesmo na linguagem por sinais”.
No passado, o isolamento era grande. Os sinais eram passados de geração a geração e se restringiam à representação do cotidiano, nada muito específico. Hoje, a presença no ambiente escolar tem estimulado a criação de muitos novos sinais, já que há disciplinas e termos técnicos, além de permitir o contato do estudante com os sinais de outras regiões.
Mas nem sempre os surdos encararam com bons olhos o contato com sinais de outras regiões, percebemos que diante de um termo diferente os surdos tendiam a dizer que aquele sinal estava “errado”. Hoje, as variações são mais aceitas. - A própria comunidade surda tinha uma rixa. Daí a resistência dos surdos em aceitarem sinais de outras culturas. Tínhamos de convencê-los de que aquele sinal era representativo para determinada região. Havia bairrismo – diz.

É inegável a influência da Língua Portuguesa, que acaba por determinar a constituição de vários elementos semânticos, estruturais e discursivos da Língua de Sinais. Isso não deixa de acontecer também no universo das gírias.
Mas, a despeito de todas estas diferenças, todos os usuários da Libras conseguem comunicar-se uns com os outros e entendem-se bem, apesar de não haver sequer dois que façam sinais da mesma maneira - explica a linguista Lodenir Becker Karnopp.
Há, sim, uma tentativa de padronização das associações de apoio ao surdo. Há muitos sinais que já são padronizados e usados em congressos, por exemplo. Mas é preciso respeitar a diversidade - comenta Walkiria Duarte. A mesma diversidade, aliás, que torna a Libras e a Língua Portuguesa admiradas pelos seus usuários.

Fonte: Walkiria Duarte Raphael, Lodenir Becker Karnopp, Karin Lilian Strobel em http://www.jorwiki.usp.br/gdmat08/index.php/Regionalismos_da_l%C3%ADngua  


Abaixo, definições teóricas dos dois tipos de dialetos encontrados na Libras:


Dialeto Regional
Ocorrem grandes diferenças na composição do sinal devido a origem regional de um mesmo país. (regionalismo) (LP: idiossincrasia, LS: tautologia).

Dialeto Social
Ocorre variação morfológica, onde certos traços da língua (CM, PA, MV, DM, OM, RC) sofrem pequena variação. Isto se deve geralmente às diferenças culturais, educacionais ou sociais.

Sistema de Transcrição

A transcrição é uma forma de documentar a língua sinalizada através da convenção de um sistema de notação com palavras e símbolos. Trata-se de uma ferramenta importantíssima nos estudos surdos da Língua de Sinais, pois permite representar linearmente a LIBRAS, que é espacial, visual e tridimensional, registrando detalhadamente o que foi dito e como foi dito com todos os elementos e recursos linguísticos utilizados pelo falante de LIBRAS.

PALAVRA EM LETRA MAIÚSCULA: Sinal simples, item lexical
- L-E-T-R-A-S MAIÚSCULAS SEPARADAS POR HÍFEN: Datilologia
L-E-T-R-A-S MAIÚSCULAS SEPARADAS POR HÍFEN EM ITÁLICO: Soletração Rítmica, sinal soletrado, empréstimo linguístico.

- PALAVRAS-UNIDAS-POR-HÍFEN: Sinais compostos oriundos da Língua Portuguesa ou quando traduzidos com mais de uma palavra da LP. Ex: negações.
@ ARROBA: Designar ausência de desinência de gênero e número.
^ CIRCUNFLEXO: Sinais compostos da LSB representados por duas ou mais palavras da LP, com a idéia de uma única coisa.
SOBRESCRITO: Incorporações de advérbios ou intensificadores e traços não-manuais feitos simultaneamente aos sinais representando tipos de frase (afirmativa, negativa, exclamativa, interrogativa e imperativa).
SUBSCRITO: Concordância dos Classificadores, verbos que possuem concordância de gênero (pessoa, coisa, animal).
: DOIS PONTOS: Alongamento do sinal.
(( )) DUPLO PARÊNTESIS: Comentários do(a) pesquisador(a).
+ “MAIS”APÓS PALAVRA: Marca de plural feita pela repetição do sinal.
 (+) “MAIS” ENTRE PARÊNTESIS: Pausas ou silêncios.
EH, AH, IH, MHN, AHÃ: Pausas por hesitação.
(...) RETICÊNCIAS ENTRE PARÊNTESIS: Transcrição parcial ou eliminação.
/.../ RETICÊNCIAS ENTRE BARRAS: Traços não manuais e outros.
# CERQUILHA: Turnos simultâneos.

Os verbos que possuem concordância de lugar ou número-pessoal, através do movimento direcionado, estão representados pela palavra correspondente com uma letra em subscrito que indicará:
a) a variável para o lugar:
i = ponto próximo à 1a pessoa
j = ponto próximo à 2a pessoa
k e k' = pontos próximos à 3a pessoas
e = esquerda
d = direita

b) as pessoas gramaticais:
1s, 2s, 3s = 1a, 2a e 3a pessoas do singular
1d, 2d, 3d = 1a, 2a e 3a pessoas do dual
1p, 2p, 3p = 1a, 2a e 3a pessoas do plural

UM SINAL EM BAIXO DO OUTRO (m.e.)
UM SINAL EM BAIXO DO OUTRO (m.d.) Sinal dobrado com as duas mãos, que originalmente é feito somente com uma das mãos, ou dois sinais estão sendo feitos pelas duas mãos simultaneamente, serão indicados com indicação das mãos: direita (md) e esquerda (me).

Referencial Bibliográfico: Felipe (1988, 1991,1993,1994,1995,1996)

Processo Anafórico

Processo Anafórico, Anaforismo, Shifting ou Role-Play, é o recurso da Língua de Sinais que possibilita ao narrador, através de mudança de postura corporal, incorporar diferentes personagens de uma narrativa.

Para o intérprete, em um discurso conversacional quando existe a troca de mensagens entre dois ou mais usuários, importante o domínio da técnica do anaforismo. Porém, este recurso exige excelente capacitação para assumir diferentes corporeidades em um único setting de tradução.

Todos os objetos imaginados e criados nos campos anafóricos (construção tátil) e processos anafóricos (shifting ou role-play) exigem um poder de concentração extremo para serem utilizados e mantidos nos lugares corretos, para que os surdos compreendam claramente os textos e a relação entre esses ersonagens.

São processos anafóricos exagerados, onde o intérprete se perde em seu delírio de projeção. Quando uma interpretação carece de fundamento coerente, real, equalizado, ela se torna incapaz de prender a atenção dos surdos; pelo contrário, acaba por lhes despertar sentimentos imediatos de estranheza e, consequentemente, rejeição.

Empréstimos Linguísticos

A Libras, como as demais línguas, também incorpora léxico de outras línguas. Existem casos em que a língua de sinais faz o empréstimo de palavras de uma língua oral, e o fazem através da soletração manual. Exemplos como A-Z-U-L, N-U-N-C-A, O-I, V-A-I, seriam empréstimos que já foram incorporados ao léxico da Libras.

A soletração manual não é, evidentemente, o processo único de formação dos vocábulos (sinais) em LIBRAS. Aliás, é responsável por uma parte pequena do léxico de sinais da Libras. A soletração manual das letras de uma palavra em português é a mera transposição espacial dos grafemas de uma palavra da língua oral, por meio das mãos; apenas um dos meios de se fazer empréstimos em LIBRAS. Assim como a palavra “xerox”, em português, é um empréstimo do inglês, o exemplos citados ilustram o fenômeno do empréstimo em LIBRAS, pois, na maioria dos casos, existe o sinal correspondente à situação, ao objeto ou à ideia e não é necessário usar a soletração manual.

Os Empréstimos Linguísticos podem ser:

a) LEXICAIS: como o alfabeto Manual;

b) DE INICIALIZAÇÃO: onde a configuração de mão é representada pela letra inicial correspondente à palavra em português (GOIÁS > CM=G), e, segundo Brito [BRI 95], há também o empréstimo de itens lexicais;

c) DE OUTRAS LÍNGUAS DE SINAIS: que se referem a sinais cuja origem é um sinal em outra língua, geralmente um sinal de mesmo valor semântico (ANO > ASL, VERMELHO > LSF), há empréstimos;

d) DE DOMÍNIO SEMÂNTICO: identificado na maioria dos sinais referentes a cores;

e) DE ORDEM FONÉTICA: que são obtidos pela tentativa de representação visual do som que constitui a palavra em português, tal como são percebidas pelo surdo.


Referencial Bibliográfico:
Karin Strobel e Sueli Fernandes - Aspectos Linguísticos da Libras - SEED-PR
Lucinda Ferreira Brito - (1995)

Soletração Rítmica ou Sinais Soletrados


É um estágio da datilologia que apresenta forma, ritmo e movimento próprios. Algumas palavras parecem transformar-se em sinais (sinal soletrado), equivalendo ao timbre das palavras. Quase sempre há supressão ou aglutinação de letras. Ocorre frequentemente em nomes próprios e geralmente é derivada de empréstimo linguístico da Língua Portuguesa.
Alguns sinais são realizados através da soletração expressa, uso das iniciais das palavras, cópia do sinal gráfico pela influência da língua portuguesa escrita. Estes empréstimos sofrem mudanças formativas, e acabam por se tornar parte do vocabulário da Libras.
Ex: N-U-N-C-A ou N-U-N = “nunca”,
B-R = “bar”, S-L = “sal” ou “sol”,
A-Z-U-L = A-Z-L = A-L = “azul”.

MAIS EXEMPLOS DE SR:
SE = S-I (MV para frente, O.M. para baixo)
PAI = P-I (indicador tocando o buço e MV para frente com rotação do pulso)
SAL / SOL = S-L (a diferença está no P.A. S-O-L > mais alto, S-A-L > mais baixo)
VOVÔ = V-O-V-O (usando dedos polegar, indicador e médio, unindo as pontas dos dedos 2x)
VAI = V-AI (O.M. para baixo, dedos apontados para frente, com MV para frente)
SUCO = S-U-C-O (U horizontal, com a O.M. para baixo, C com O.M. para frente, e MV de rotação do pulso para fora e para dentro)


ALGUMAS REGRAS GRAMATICAIS CONHECIDAS

1 - Formas:
     a) Arco lateral
     Ex: O-I, L-U-I-Z, A-V, R-U-A, R-I-O, D-R, D-I-A, B-R, O-U-R-O
     b) Arco para frente e para baixo
     Ex: F-I-M

2 - Monossílabos tônicos: soletrados para cima.
     Ex: P-O-´, P-A-´

3 - Monossílabos terminados em “S” ou “Z”: são soletrados para baixo.
     Ex: G-A-S, G-I-Z

4 - Palavras terminadas em “U” e “X”: há inversão da O.M.
     Ex: O-U, V-I-U, E-X, M-A-U

5 – Palavras terminadas em R e L: têm o movimento final alongado.
     Ex: M-A-R, S-O-N-A-R, M-E-L, V-A-R-A-L


Referencial Bibliográfico:
http://www.ines.gov.br
Sueli R. Segala e Catarina K. Kojima - lÍNGUA DE SINAIS - A Imagem do Pensamento
Karin Strobel e Sueli Fernandes - ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS