No processo histórico dos surdos no Brasil, mantendo o olhar pelo aspecto educacional um ponto importantíssimo para compreendermos melhor a educação de surdos é a evolução das filosofias educacionais.
ORALISMO (1911) - É a filosofia educacional que só se preocupa com o ensino da língua oral através de vários métodos. Tais como: verbo tonal, leitura labial e outros. No Brasil, as pessoas que seguem a filosofia oralista, só ensinam a língua portuguesa e geralmente não aceitam a Língua de Sinais.
COMUNICAÇÃO TOTAL (1970) - É a filosofia que procura desenvolver todas as habilidades da comunicação. Tais como: a fala, a audição, os sinais, leitura, escrita e outros recursos. Aqui no Brasil e em outros países, a Comunicação Total usa muito o “Bimodalismo”. Bimodalismo - É a utilização simultânea das duas modalidades de língua: a oral-auditiva e a gestual-visual, misturado as duas línguas e deformando-as. A este fenômeno denominamos de PIDGIN (utilização de palavras de uma língua com a estrutura de outra língua. Quando estão em contato social, o pidgin surge do intercâmbio de uma língua com outra).
BILINGUISMO (1980 até hoje) - Uso de duas línguas por uma pessoa. É o aprendizado da língua de sinais separado da língua oral.
O surdo que sabe a língua de sinais e o português é “bilingue”. A escola que ensina as duas línguas tem uma educação bilingue.
Existem dois tipos de Bilinguismo:
Bilinguismo Social - Quando a comunidade precisa usar duas línguas (por obrigação).
Bilinguismo Individual - Quando o indivíduo aprende outra língua além da sua língua materna (pela vontade).
Alguns objetivos do Bilinguismo:
• Facilitar a aquisição de conceitos pelo aluno surdo;
• Facilitar a assimilação de conteúdo do currículo básico;
• Proporcionar um real e efetivo meio de informações aos surdos;
• Garantir aos surdos o desenvolvimento normal da linguagem e da inteligência;
• Formar uma personalidade saudável: com desenvolvimento emocional-social normal;
• Construção de uma teoria sobre o mundo - um mundo apropriado, com aceitação. Primeiro garantir linguagem, conhecimento e desenvolvimento;
• Permitir que o surdo saiba que faz parte de um grupo humano com cultura própria e que; é solidário com eles; pois eles não podem ser como os ouvintes (ainda que tentem) porque são surdos. Não podem projetar-se nos pais (modelos) ouvintes porque são surdos e lhes faltará modelo para o futuro. Assim como as crianças ouvintes fazem muitas perguntas e isso constrói seu mundo, isso deve ser permitido também às crianças surdas;
• A formação de um entorno linguístico de sinais - a LS (língua de sinais) é elemento de poder e os surdos podem começar a sair da condição de “subalternos” dos ouvintes;
• A busca de uma educação que se preocupa com indivíduos e não somente com sistemas que precisam ser aprovados;
• Desenvolver a personalidade sadia da criança surda; normalmente as crianças ouvintes vêm para a escola com linguagem anterior e as surdas não;
• Interagir no ambiente familiar, onde os pais são ouvintes e não tem condições de dar cultura surda para seus filhos. Surdez não se explica. Se vivencia, se compartilha.